O filósofo Karl Marx defendia que o corpo social maioritário deve entender o sistema econômico proveniente da lógica capitalista para não ser alienado pelo tal. No entanto, o estudo referente a esse setor não é, devidamente, efetivado no Brasil - principalmente nas escolas - uma vez que a realidade educativa do país é precária e a sua organização curricular não visa à educação financeira dos alunos. Desse modo, a consciência econômica e a falha estrutura socioeducacional são uma importância e um desafio, respectivamente, dessa oferta.
Nesse sentido, é urgente entender a necessidade de fomentar a consciência econômica nos estudantes. Sob tal ótica, José Saramago, em seu livro Ensaio Sobre a Cegueira, enfatiza que a sociedade se torna "cega" quando não tem acesso a informações e à mentalidade sustentável. Essa literatura é relacionável com o tema em questão, visto que os jovens, ao não receberem instruções a respeito do mundo e do mercado capitalista, acabam sendo condicionados ao mau uso do dinheiro, o que gera endividamento e consumismo. Além disso, a falta da educação financeira corrobora práticas prejudiciais à natureza, afinal, consciência econômica não, apenas, relaciona-se a capital, mas também ao comportamento sustentável, como evitar desperdício de água - medida que "preserva" o saldo bancário, bem como o meio ambiente.
Porém, a aplicação do ensino financeiro é desafiadora, sobretudo pela estrutura socioeducacional incongruente e despreparada. É pertinente, a esse respeito, destacar que, no Primeiro Reinado do Brasil, apenas jovens da elite nacional tinham acesso a um ensino de qualidade e a alguns conhecimentos financeiros - devido às suas grandes fortunas. Esse cenário, ainda hoje, faz-se presente no território, haja vista que a maioria dos colégios, sobretudo não elitizados, deixam de abordar sobre gestão e conceitos econômicos por não possuírem professores especializados e, muito menos, interesse dos próprios alunos - justamente pela grade de conteúdos não ser cobrada em provas. Aliado a isso, tendo em vista a precaridade de renda dos estudantes marginalizados das instituições públicas, percebe-se a incoerência a eles que, por conta da desigualdade, não têm mínimos recursos para aplicar ensinamentos monetários. Em suma, a oferta da educação financeira deve ser para todos.
Objetivando, pois, a implementação coerente desse eixo educacional, deve-se agir. Para isso, o Ministério da Educação, em parceria com o da economia, precisa intensificar a já existente Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), por meio da capacitação setorial de professores e da inserção dessa disciplina na grade de cobrança das provas e vestibulares - como o Exame Nacional do Ensino Médio - a fim de profissionalizar o ensino e despertar interesse nos alunos. Em soma, os mesmos órgãos devem pressionar o Poder Executivo para que sejam aplicados programas de atenuação da desigualdade de renda, possibilitando a coerência socioeducacional e desestruturando a alienação temida por Marx.