TEMA: ESTRATÉGIAS EFETIVAS NO COMBATE À DENGUE E OUTRAS EPIDEMIAS
Durante o início do século XX o Brasil vivenciou uma epidemia de febre amarela, a qual o sanitarista da época, Oswaldo Cruz, encarregou-se de solucionar através da imposição obrigatória da vacina, fato que ocasionou a Revolta da Vacina. Hodiernamente, o país ainda sofre com a incidência de uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue, mas que, diferentemente do contexto passado, não pode ser controlada através da imunização passiva. Nesse sentido, cabe a tomada de medidas de combate ao agente vetor, mas que em resultado do descaso populacional e a negligência do Poder Público, são pouco efetivas e mantém a doença atuante na sociedade.
Diante dessa perspectiva, é importante salientar que a prevenção à dengue e outros males transmitidos pelo Aedes aegypti deve ser uma ação coletiva. Sob esse viés, é válido destacar que o patógeno mencionado é um problema que assola os brasileiros desde a década de 50, isto é, tornou-se corriqueiro e comum entre o corpo social e, em razão disso, é naturalizado e suas medidas de combate banalizadas e pouco aderidas, fato que contribui diretamente para não haver resultados efetivos na atenuação do quadro dessa epidemia no Brasil. Desse modo, é pertinente ressaltar que a sociedade, tal qual entendida pelo sociólogo Émile Durkheim, comporta-se como um organismo biológico, em que todas as partes devem interagir para haver igualdade e coesão social, ou seja, sem o engajamento de todos, na fiscalização e extermínio dos criadouros de mosquito, a estrutura nacional não funcionará corretamente. Logo, depreende-se que enquanto o combate à dengue não for entendido pela população como uma necessidade comunitária, a epidemia se manterá no Brasil.
Outro aspecto a ser analisado é a participação governamental na atenuação desse impasse na saúde pública. Acerca de tal prisma, é pertinente enfatizar a falha do Estado na promoção da informação para a população no que tange as medidas profiláticas da dengue, e bem como outras doenças, isso porque as campanhas midiáticas, que agem no incentivo e compartilhamento do conhecimento do assunto na comunidade, são restritas a determinadas épocas do ano. Em consonância a isso, nota-se que apesar da dengue ser uma problemática que interfere de forma negativa no bem-estar social e cresce exponencialmente a cada ano, onerando o Governo através dos gastos ao sistema de saúde gerados pelos doentes, sua recorrência também foi normatizada por ele, uma vez que negligencia a falta de informação e pouco investe cientificamente no combate à ela. Diante dos fatos supracitados, é possível inferir que a omissão do Poder Federal perante seus deveres implica na continuidade do quadro epidêmico da dengue.
Em face do que foi exposto, faz-se imprescindível a tomada de medidas atenuantes aos entraves abordados. Posto isso, concerne ao Ministro da Saúde, em parceria com os veículos midiáticos e instituições de ensino, promover o entendimento da comunidade sobre a importância e as formas de combater a dengue, por meio de campanhas nos meios de comunicação, transmitidas durante todo o ano e através de palestras direcionadas a toda a sociedade, realizadas nas escolas. Poder-se-á, assim, atingir o engajamento social necessário, assim como defendido por Durkheim, para inibir efetivamente essa e outras epidemias.