TEMA: O CONTROLE PARENTAL QUANTO AO USO DA TECNOLOGIA: PREVENÇÃO OU INVASÃO DE PRIVACIDADE?
A internet é uma ferramenta comunicativa que foi desenvolvida pelos norte-americanos, durante a Guerra Fria, com o objetivo inicial de ser um recurso secundário para manter o diálogo entre os militares. Entretanto, o ciberespaço se popularizou e consiste, hodiernamente, no principal meio de comunicação do século XVI, abrangendo todas as idades. Nesse sentido, surge a necessidade do controle parental quanto ao uso da tecnologia, uma vez que, crianças e adolescentes são mais suscetíveis a manipulação das redes, de forma que se possa haver a prevenção sem que haja a invasão de privacidade.
Diante dessa perspectiva, é importante salientar a vulnerabilidade que o indivíduo está sujeito durante as primeiras fases da vida e a forma como o mundo virtual acentua tal estado. Sob esse viés, cabe destacar que crianças e adolescentes possuem pouco ou nenhum senso crítico, fato que as expõem à situações de risco com maior facilidade, como a ciberpedofilia e o acesso a conteúdo de caráter violento ou sexual. Em consonância a tal cenário, é possível correlacionar a novela “Outro Lado do Paraíso”, produzida pela Rede Globo, a qual com o intuito de usar a dramaturgia como uma forma de alertar para as problemáticas da vida real, retrata a história de um delegado que utiliza do anonimato das redes sociais para praticar crimes de pedofilia virtualmente. Desse modo, é evidente a necessidade dos pais ou responsáveis controlar o teor das informações que seus filhos acessam e com quem se relacionam no mundo conectado, uma vez que, assim podem evitar que a infância ou adolescência daquele indivíduo seja corrompida e manipulada.
Outro aspecto a ser analisado, no entanto, é que os pais saibam equilibrar o controle tecnológico que exercem sobre os seus filhos. Acerca de tal prisma, é válido ressaltar que os jovens, nessa fase, começam a desenvolver relações sociais com novas pessoas e identificar em si próprio sua personalidade, situação que requer privacidade. Nesse sentido, é pertinente relacionar a distopia orwelliana “1984”, a qual retrata a vigilância exagerada do Grande Irmão, líder de Estado, perante a população impedindo-os de pensar e agir por vontade própria, de modo que metaforicamente é possível associar os pais a figura do Partido e os filhos aos membros, que por um controle não saudável têm suas individualidades reprimidas. Logo, depreende-se que a supervisão deve acontecer, uma vez que é necessária, mas deve estar fundamentada principalmente no diálogo, criando uma relação de confiança acerca do que eles acessam e por quanto tempo, de forma que a prevenção aos riscos de estar exposto na internet e a privacidade estejam asseguradas.
Em face do que foi exposto, faz-se imprescindível a tomada de medidas que busquem garantir as condições supracitadas. Posto isso, concerne as instituições de ensino, importantes na formação de opinião da comunidade, transmitir para os alunos e seus responsáveis os cuidados acerca do mundo virtual, por meio de palestras, abertas a toda população e ministradas por psicólogos e especialistas na área, que abordem como temática a ciberpedofilia, o controle de dados e a melhor forma de supervisionar o uso da internet sem a privação do acesso. Poder-se-á, assim, garantir a segurança dos filhos e adequar-se ao contexto de popularização e participação ativa da internet na vida de crianças e jovens desencadeado pela Guerra Fria.