Tema: A necessidade de participação do brasileiro como forma de exercer a cidadania. Para Aristóteles, ser cidadão implica ser súdito, submisso às leis, e soberano, ter direitos e, sob esses direitos, não se submeter a ninguém, concomitantemente. Sob essa ótica, a definição do estudioso no que diz respeito à cidadania explicita, também, como requisito cidadão, a necessidade de participação. Contudo, é evidente que, no Brasil, muitos indivíduos, apesar de, pela lei, serem cidadãos, não priorizam uma participação efetiva, o que ocorre tanto devido às falhas no atual sistema educacional brasileiro, quanto devido à imposição da ideologia neoliberal. Nesse viés, é necessário destacar, diante da necessidade de participação do brasileiro como forma de exercer a cidadania, que o modelo de educação em vigor exerce forte influência sobre a participação, ou não, de cada indivíduo. Ante essa realidade, o autor Edgar Morin versou a respeito desse modelo e discorreu os “sete saberes” primordiais para a educação do futuro, os quais englobam o incentivo ao protagonismo e ao desenvolvimento da criatividade, fatores visivelmente ignorados no atual sistema educacional, que é restrito a uma prova: o vestibular. Nesse sentido, ocorre uma negligência no que tange à verdadeira formação cidadã do indivíduo, bem como do incentivo à participação social e política. Ademais, é inegável que, à medida que se instaura um pensamento que prega a difamação do comprometimento cidadão, exposta em uma lógica que visa atenuar a participação política e social, por meio da ideia de que a ação do indivíduo não tem um real impacto na sociedade, o “animal político”, desnudado por Aristóteles, torna-se cada vez menos politizado. Nessa perspectiva, a ideologia neoliberal, atrelada à histórica tentativa de alienação dos homens, contribui para a não participação do indivíduo, que, assim, se torna um subcidadão, como definiu o sociólogo Jessé de Souza. Portanto, frente aos impasses quanto à essencialidade de comprometimento do brasileiro como maneira de exercer sua cidadania, urge que o Ministério da Educação, que tem função de estabelecer diretrizes para a educação em geral, estipule, por meio de uma reorganização da Base Nacional Curricular, mudanças significativas no que tange à ausência de incentivo ao protagonismo e ao desenvolvimento da criatividade, a fim de formar cidadãos aptos à participação e, consequentemente, combater os impactos desfavoráveis da ideologia neoliberal. Desse modo, os indivíduos enquadraram-se nos requisitos cidadãos propostos por Aristóteles.