O período Romântico do Brasil foi marcado pela busca incessante da idealização da natureza e subjugação da mulher no corpo social. Hodiernamente, apesar de os tempos serem outros, a realidade pouco se modificou, haja vista que as mulheres são invisibilizadas e desvalorizadas no meio futebolístico do país. De modo que, esse cenário nefasto decorre das práticas e questionamentos históricos e ocasiona a objetificação da mulher. Logo, medidas são necessárias para reverter essa visão retrógrada e preconceituosa acerca dessa problemática.
Consta-se, a princípio, que historicamente a mulher é associada à fragilidade e incapacidade. Na Grécia antiga, por exemplo, figuras femininas eram proibidas de praticar e frequentar qualquer tipo de esporte, com a justificativa de que, além de elas serem incapazes de realizá-los, essa prática ocasionaria a masculinização dos seus corpos. De maneira análoga, apesar da evolução social, as cidadãs brasileiras sofreram fortes repressões históricas por causa de preconceitos enraizados, bem como a proibição das partidas de futebol femíneo diante de um governo ditatorial. Esses mecanismos refletem o que a teórica Judith Butler aborda na sua obra “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade”, visto que a sociedade é tida apenas como binária, determinando o que é “coisa de mulher” e de homem apenas por questões biológicas. Nesse sentido, esses fatores históricos e preconceituosos refletem na desvalorização do espaço feminino no futebol nacional.
Ressalta-se, ademais, que na hodiernidade, essa problemática ainda persiste e é refletida na “coisificação” feminil. Dessa maneira, o conceito de reificação de Karl Marx mantém-se atual, uma vez que, constantemente a mulher é objetificada socialmente, sendo enquadrada apenas pela beleza, padrões sociais e símbolo sexual, isenta de sentimentos e direitos como qualquer outro ser humano. Além disso, o ato de objetificá-las enquadra-se na microfísica do poder abordada por Michel Foucault, pois, infelizmente, por ser um hábito tão recorrente, vem sofrendo processo de naturalização.
Portanto, infere-se que medidas urgentes devem ser tomadas para reverter essa situação intrigante no Brasil.Dessarte, cabe ao Ministério da Cidadania, em parceria com a Mídia, a promoção de programas, por meio de campanhas e palestras expositivas para exemplificar a representatividade do futebol feminino brasileiro mundialmente, bem como a maior anunciação e transmissão dos jogos em TV aberta para mais pessoas conseguirem ter acesso, a fim de enfatizar a importância e representação feminina no ramo futebolístico. Assim, conseguiremos alcançar uma sociedade menos preconceituosa e que as mulheres apresentam capacidade de serem o que quiserem, nos distanciando do pensamento romântico.