Segundo a Lei da Inércia, de Newton, a tendência de um corpo é permanecer parado quando nenhuma força é exercida sobre ele. Fora da Física, é possível perceber a mesma condição, no que concerne ao problema da automedicação no Brasil, que segue sem uma intervenção que o resolva. Dessa forma, em razão do imediatismo e da má influência midiática, emerge um problema complexo, que precisa ser revertido. Primeiramente, é preciso salientar que o imediatismo é uma causa latente do problema. Conforme Zygmunt Bauman, a liquidez da sociedade moderna se pauta no imediatismo. De acordo com a perspectiva do sociólogo, a velocidade que caracteriza a cultura atual configura-se como um grave problema que atinge diversas áreas da ação humana. Tal imediatismo está presente na base da automedicação no país, haja vista que o principal motivo para os indivíduos se automedicarem é o alívio instantâneo da dor ou mal-estar. Além disso, apesar dos remédios aliviarem os sintomas de forma imediata, os fármacos podem mascarar ou agravar outras patologias, implicando efeitos colaterais e intoxicação. Em segundo plano, outra causa para a configuração do problema é a negativa influência da mídia. Consoante o advogado Fabrício da Mata, a sociedade não passa de massa de manobra na mão da mídia. Nesse sentido, pode-se observar que a mídia, em vez de promover debates que elevem o nível de informação da população, contribui para a consolidação do problema, tendo como base as propagandas promulgadas pelos meios de comunicação com o objetivo de lucrar com a venda de produtos farmacêuticos, atribuindo a beleza e o aspecto de famosos aos efeitos dos remédios. Outrossim, as propagandas incentivam o aumento da automedicação entre a população e corroboram para a dependência ao medicamento. Portanto, diante dos aspectos conflitantes relativos aos perigos da cultura contemporânea da automedicação no Brasil, é indiscutível a realização de ações interventivas. Para tanto, o Poder Legislativo, em parceria com o Poder Executivo, deve criar leis, a fim de impedir a automedicação, de modo que torne obrigatório a apresentação do pedido médico quando o cidadão se dirigir às farmácias, para comprovar a necessidade do medicamento. Ademais, essas novas leis podem ser divulgadas por meio de canais de TV e em redes sociais. É possível, também, criar uma ''hashtag'' para ganhar mais visibilidade. Assim, os impasses da automedicação deixarão de compor a realidade brasileira.