MAUS-TRATOS A CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL
O famigerado filme turco “Filhos de Istambul” narra a história de um homem adulto que enfrenta diversos problemas psicossomáticos por consequência dos maus-tratos sofridos por ele na infância. O longa-metragem, apesar de se passar em outro continente, assemelha-se ao atual contexto brasileiro, visto que milhares de crianças e adolescentes são vítimas diárias de agressões em suas próprias casas devido à vulnerabilidade infantil atrelada à cultura da violência paterna secularmente intrínseca na sociedade. Dessa forma, deve-se discorrer acerca de medidas que amenizem essa recorrente problemática no Brasil.
Primeiramente, ressalta-se que um dos maiores agravantes dos maus-tratos contra crianças e adolescentes é a submissão desse grupo aos seus adultos responsáveis. Isso ocorre pois menores de idade não têm poder para se defender física ou juridicamente, sendo, então, dependentes dos pais, os quais podem lhes fazer ameaças que os impeçam de se defender das agressões, além de impor ordens como, por exemplo, negar o acesso a meios de comunicação a fim de evitar denuncias. Tais fatores tornam o grupo infantojuvenil um alvo fácil e ainda mais propenso a sofrer violência, principalmente, doméstica.
Em segundo lugar, dados alarmantes do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) afirmam que, em 2019, a quantidade de denúncias contra maus-tratos infantil aumentou aproximadamente 20% se comparada ao ano anterior. Desse modo, destaca-se a cultura do “bater é educar” como uma das principais causas de tal número alarmante, posto que, mesmo em um mundo evoluído ideologicamente, ainda há indivíduos que acreditam na atitude retrógrada e covarde de bater nos filhos como método mais eficiente de educar. Destaca-se, portanto, que o fundamento para a formação de adultos saudáveis é proporcionar às crianças uma educação embasada em bons valores morais, e não, no medo.
Em suma, metodologias ativas devem ser colocadas em prática a fim de atenuar o problema discutido. Assim, urge que o Estado, na face do Ministério dos Direitos Humanos, promova, por meio do devido direcionamento de verbas estatais, uma maior divulgação dos canais de denúncia, como o Disque 100, além de campanhas escolares que estimulem as crianças a delatarem casos de agressão. Embora a adoção de tais medidas efetivas não mitigue a problemática completamente, ela apresenta um caminho viável rumo a uma sociedade cujos índices de violência infantil tornem-se diminutos, afastando-se da realidade exposta em “Filhos de Istambul”.