Educação domiciliar no Brasil
No filme “Capitão Fantástico”, um pai cria seus filhos isolados do meio urbano, ensinando-os técnicas de sobrevivência, lutas e estudo, proveniente da própria família. É nesse contexto de homeschooling que se encontram cerca de 7 mil famílias brasileiras, número que cresce a cada dia em um país que não regularizou a prática e traz à tona o debate acerca dos prós e contras do ensino domiciliar.
Em primeiro plano, se faz necessário entender os motivos que favorecem a educação em casa. Nesse sentido, muitos pais aderem a essa metodologia de ensino por não concordarem com o que é ensinado nas escolas regulares, por prezarem pela qualidade do que é ensinado para seus filhos com sua estrutura e objetivos próprios. Em convergência a isso, Jeanine Grivot, pedagoga com habilitação infantil, afirma que um dos benefícios do método é respeitar o direito que os pais têm de educarem os seus filhos como quiserem. Com isso, outros fatores como bullying, violência e a precarização no ambiente escolar corroboram tal decisão.
Todavia, há questionamentos sobre sua eficácia e danos à vida dos filhos. Paralelamente, Aristóteles afirma que o homem é um ser social, e que a vida em sociedade é essencial para construção pessoal e busca de sua felicidade. Logo, a educação doméstica não dispõe a oportunidade para o aluno aprender a ouvir, argumentar e adquirir habilidades socioemocionais pelo contato com outros indivíduos. Dessa forma, a pouca socialização dos alunos com o meio externo pode causar problemas futuros, como falta de independência, dificuldades para lidar com problemas e até mesmo complexificar sua entrada no mercado de trabalho.
Evidencia-se, portanto a necessidade de tornar mister o enfrentamento de barreiras para a aprovação da educação domiciliar. Para tanto, é necessário que o Ministério da Educação haja em prol dos que estão buscando esse modelo de ensino para seus filhos e, juntamente com o Governo, órgão administrativo de instituição máxima, regulamentem a prática, dispondo da criação de materiais além do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) para auxiliarem as famílias e tornar mais eficaz a entrada de alunos às universidades, exigindo uma avaliação periódica dos mesmos e criando uma ferramenta que cobre dos pais a qualidade do ensino. Assim, observar-se-á no Brasil, o rompimento dos preconceitos com a educação doméstica e a compreensão da realidade exposta em Capitão Fantástico.
Vitória Cristina