a questão da fome no brasil e seus fatores motivadores
no livro “vidas secas”, do escritor modernista graciliano ramos, um dos muitos problemas enfrentados por fabiano, sinhá vitória e sua família é a fome. fora do âmbito fictício, tal situação reflete a realidade brasileira, uma vez que, apesar de ser um país agroexportador, o brasil apresenta como uma de suas principais mazelas sociais a escassez de comida no prato de parte da população. nesse sentido, a obra literária de graciliano expõe os dois impasses que fomentam essa infeliz realidade: fatores econômicos e climáticos.
diante dessa perspectiva, é importante destacar que o modelo capitalista, que rege o mundo atual, influencia diretamente nos problemas sociais e contribui para a manutenção da desigualdade. sob esse viés, cabe relacionar a teoria malthusiana, criada pelo economista thomas malthus, no século xviii, o qual afirma que a população cresce em ritmo de uma progressão geométrica, enquanto a produção agrícola se expande em progressão aritmética, logo a humanidade chegaria em um estágio de fome. todavia, tal teoria foi invalidada após a revolução verde, que criou técnicas e tecnologias que permitiram o aumento da produção alimentícia. entretanto, a fome continua sendo uma realidade no brasil, isso porque tal problema não está relacionado a quantidade, mas sim ao custo do alimento, que em função da enorme desigualdade social enfrentada pela população os impede de ter acesso à comida. desse modo, depreende-se que a fome é o resultado do interesse pelo lucro em detrimento a necessidade humana.
outro aspecto a ser analisado são as condições climáticas e seu impacto na agropecuária, que influencia tanto na produção de subsistência como na indústria agrícola. a partir de tal prisma, cabe relacionar o trecho da música “asa branca”, do cantor e compositor nordestino luís gonzaga: “que braseiro, que fornalha; nenhum pé de plantação; por falta d’água perdi meu gado; morreu de cede meu alazão”, que retrata com verossimilhança a vida dos sertanejos, isto é, a escassez de água culminando na falta do alimento. nesse sentido, nota-se que alterações climáticas, como a seca, inundação e temperaturas extremas, podem atrapalhar a colheita, e como consequência geram ao consumidor final a fome, seja pelo fracasso no cultivo para subsistência, ou pelo aumento dos preços dos alimentos causado pela menor oferta no mercado. logo, é possível inferir que os fatores do tempo tornam a desigualdade ainda mais profunda e o acesso ao alimento ainda mais difícil.
em face do que foi exposto, faz-se imprescindível a tomada de medidas atenuantes aos entraves abordados. posto isso, concerne ao poder legislativo, em parceria com o ministério da agricultura, ensejar a doação de alimentos para comunidades carentes, por meio de uma lei que ofereça benefícios fiscais e redução de impostos as empresas que destinem mensalmente parte de sua produção a regiões com população em situação de fome. poder-se-á assim, permitir o acesso a comida regularmente aqueles que não possuem condições financeiras de comprar, para que desse modo a realidade vivida pelos personagens de “vidas secas” permaneça apenas na perspectiva fictícia.