a doação de órgãos no brasil
na obra "o melhor de mim", de nicholas sparks, a doação de órgãos é abordada de maneira romantizada, sem expor nenhuma problemática de um processo tão complexo e difícil. assim, de maneira análoga ao livro aludido, a doação de órgãos é uma questão que está sempre em evidência no brasil, pois existe um exorbitante tabu por parte da família do doador e milhares de pessoas morrem na fila do transplante.
mormente, o núcleo familiar ainda apresenta uma elevada resistência para ceder algumas partes do seu parente que veio a falecer. nesse sentido, na série "sob pressão", de andrucha waddington, uma mãe vive o drama da morte encefálica de seu filho e se recusa a permitir a doação dos órgãos dele e só aceita quando encontra a carteira de doador em seus pertences. outrossim, no filme "coração e alma", de katell quillévéré, é retratada a realidade da doação de órgãos, isto é, apresentas as dificuldades enfrentadas no momento de luto, porém a família vence o individualismo e opta por doar as partes do corpo do falecido que podem ser aproveitadas. logo, frente aos episódios de mortes supracitados, nota-se uma forte relutância dos familiares em facilitar a transferência de um elemento do seu ente querido que faleceu, pois existe um grande vínculo afetivo que atravanca o pensamento racional e altruísta, como foi demonstrado em "coração e alma".
ademais, muitos indivíduos falecem aguardando um transplante que prolongaria o seu ciclo vital em anos. sob tal ótica, no documentário "anjos da vida", de andrew davis, é exibido o drama das pessoas na fila de espera para transplantes no brasil. além disso, segundo o g1, em 2017, morreram 2.013 pacientes que estavam na fila à espera de um órgão. aliás, de acordo com a associação brasileira de transplante de órgãos, no ano de 2018, 43% das famílias das mais de 10 mil mortes encefálicas não autorizaram a doação. com isso, diante do documentário e dos dados supramencionados, transparece que a lentidão do sistema de transplantes de órgãos acaba por ceifar a vida de muitos indivíduos, pois uma maior agilidade no processo permitiria uma quantidade superior de transferências de elementos corporais, que, como consequência, acarretaria em um número superior de vidas salvas.
portanto, ações são necessárias para viabilizar um maior número de doações de órgãos no brasil. para que a população tenha consciência da problemática, urge que o ministério da saúde, por meio de verbas governamentais, realize uma campanha nacional que incentive os indivíduos sobre a importância da transferência de elementos corporais. desse modo, a propaganda deve ser feita com dados que mostrem a escassez da doação de órgãos, com pessoas que foram receptoras e com as famílias dos doadores. dessa forma, todo o país terá acesso para debater a temática e o índice de concessão irá aumentar exponencialmente. somente assim, o quadro atual será sanado, evitando que a romantização de "o melhor de mim" aconteça na realidade brasileira hodierna.