“os desafios da adoção no brasil.” na obra literária “capitães de areia”, do escritor brasileiro jorge amado, é retratada a realidade de menores vítimas do abandono ou negligência parental, e os desafios para a inserção em uma sociedade naturalmente aversa aos jovens em situação de desamparo. no brasil, não distante da ficção, obstáculos sociais, como a hostilidade e o preconceito para com os menores em situação de abandono, são desafios a serem superados com o intuito de efetivar a adoção de forma positiva no país. destarte, medidas sociais e governamentais são indispensáveis para atenuar a problemática supracitada.
nesse viés, é válido reconhecer como o panorama da adoção no brasil obteve inúmeros avanços, por exemplo, a aprovação para casais homoafetivos – antes privados de tal direito – se cadastrarem para a adoção. assim, aumentando a oportunidade de crianças e de adolescentes a pertencerem a um núcleo familiar. contudo, apesar dos progressos feitos na esfera adotiva brasileira, tal cenário carece de amparo governamental e midiático, direcionado a informar a população acerca da realidade dos abrigos de adoção no país. outrossim, segundo dados do cadastro nacional de adoção, a quantidade de pretendentes a pais é maior do que as crianças aptas a adoção. entretanto, 98% das crianças e adolescentes nos abrigos estão fora da faixa etária desejada por mais de 50% dos pretendentes a pais. dessa maneira, evidenciando a discrepância no processo adotivo e a desinformação do estado para com os candidatos a pais, acerca da real conjuntura da adoção no brasil.
ademais, é pertinente trazer ao discurso o conceito aristotélico de “mediania”, no qual o filósofo argumenta que a virtude é alcançada por meio do equilíbrio entre o excesso e a falta. similar ao mencionado por aristóteles, a adoção, de forma eficiente, requer uma harmonia entre o excesso de preconceito e estigma sobre os jovens em situação de adoção - por exemplo, em relação a idade, cor da pele e irmãos - e a falta de informação adequada não só com a população aspirante a pais, mas também com toda a sociedade, desmitificando a construção errônea social de padrões para adoção, tal qual a preferência por crianças brancas, sem irmãos e menores de três anos de idade. dessa forma, alcançando a mediania e rompendo antigos paradigmas.
depreende-se, portanto, a relevância de debates eficientes acerca da adoção, com o intuito de minimizar a aversão da realidade em tal contexto. em face do mencionado, cabe ao ministério da economia, em parceria com o estatuto da criança e do adolescente, direcionar verbas e recursos ao setor responsável pela adoção no brasil, por meio da inclusão de seu objetivo na base de diretrizes orçamentais, a fim de se democratizar o acesso à informação. para isso, em companhia da grande mídia, veicular nas redes sociais palestras educativas ministradas por profissionais atuantes na esfera da adoção. desse modo, em consonância a um dos objetivos de desenvolvimento sustentável, proposto pela onu para 2030. o brasil mobilizar-se-ia quanto à redução das desigualdades, tarefa imprescindível na edificação de um estado democrático, de modo a romper com a marginalização das sociedades liminares.