O ano de 2020 foi marcado por muitas tragédias, uma delas foi o "apagão" no Norte do país que deixou milhares de brasileiros em situação degradante por vários dias. Esse cenário é um dos reflexos da desigualdade existente entre as regiões do Brasil e demarca a fragilidade em que se encontram os direitos constitucionais de parte da população. Esse panorama se mantém por inação do Estado e é fruto de contexto histórico e acarreta reveses para toda a sociedade. Desse modo, é vital a análise dessa conjuntura em busca de mitigá-la.
Convém salientar, de início, que a disparidade regional no país advém de uma herança histórica e necessita ser desconstruída. Nesse âmbito, no Período Colonial houve a mudança de eixo econômico para o Sudeste e, consequentemente, o Norte e Nordeste ficaram subalternos às decisões do Estado. Paralelamente, percebe-se na atualidade uma triste perpetuação desse quadro, tendo em vista que ainda há concentração de serviços no Centro-sul, visto os melhores índices nas esferas empregatícias e sociais em detrimento dos demais eixos, o que expõe o progresso descontínuo das regiões brasileiras. Esse fenômeno se mantém porque não há competitividade econômica entre as regiões e reflete a urgência estatal e privada para a dissolução dessa discrepância nacional.
Ademais, vale ressaltar os efeitos da desigualdade regional para os cidadãos, já que diversos direitos são impactados. Tal quadro se confirma na diferença do acesso à educação entre as mesorregiões brasileiras, como indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse fenômeno se mostra pela quantidade massiva de polos universitários e tecnológicos no Sudeste e com ínfima presença nas demais áreas. Conquanto, a mão de obra das regiões ficam díspares e a busca por melhores oportunidades de vida é dificultada. Assim, é nocivo tal quadro, uma vez que não é garantida a equidade prevista na Constituição Federal para todos os brasileiros.
Por conseguinte, para amenizar as discrepâncias regionais e efetivar a Carta Magna do Brasil é vital que o Estado realize um amplo estudo no país por meio do IBGE. Isso com pesquisas domiciliares e compilação de dados virtuais com a finalidade de evidenciar as regiões que necessitam de maior repasse federal e, dessa forma, possibilitar um mapeamento mais assertivo de políticas públicas. Além disso, é crucial que o Governo dê isenções fiscais às empresas que se instalarem no Norte e Nordeste, o que permitiria maior oferta de empregos para esses indivíduos. De tal maneira, o Brasil irá divergir da sua herança colonial de segregação.