No livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, a vivência de um casal de camponeses do sertão nordestino é retratada. O enredo, por muitas vezes, enfatiza a difícil realidade das pessoas que, em meio ao solo semiárido, precisam da agricultura para sobreviver. Observando o Brasil atual, é possível constatar que a história literária estendeu-se para a realidade do país: a má utilização e preservação dos solos brasileiros configura-se como um grave problema. Dessa forma, é imprescindível discutir sobre as causas geratrizes do problema, bem como suas consequências, para que soluções possam ser apresentadas.
Nessa lógica, a análise das causas que fomentam a problemática torna-se fulcral. Segundo Milton Santos - geógrafo e cientista brasileiro - o agronegócio vive uma difícil situação, na qual a busca pelo lucro já superou a consciência de preservar as áreas agricultáveis, para que seja possível manter os solos íntegros e férteis. Nesse sentido, a premissa de Milton denuncia a negligência dos grandes produtores na promoção da agricultura sustentável, necessária para evitar o esgotamento dos nutrientes dos solos e sua consequente infertilidade. Constata-se, assim, que a falta de consciência e responsabilidade ambiental é a principal impulsionadora do problema.
Ademais, são múltiplas e graves as consequências que a existência do tema impõe à sociedade. Tais fatos ocorrem, fundamentalmente, pela dinâmica do uso do solo ser capaz de alterar vários fatores naturais que os produtores insistem em subestimar. A exemplo, as queimadas no pantanal são intensificadas quando o esgotamento do assoalho contribui para formação de uma mata seca que queima facilmente em um verão mais intenso. Infere-se, pois, que os transtornos gerados são incalculáveis, e quanto a situação se mantiver, eles serão intensificados.
Portanto, mediante aos fatos apresentados, fica nítida a necessidade de ações que possam atenuar o empecilho. Para que isso ocorra, o Ministério da Agricultura – em diálogo aberto com o Poder Legislativo -, deve criar uma normativa que vise abrandar a prática da agricultura responsável no país. Tal ação deve centrar-se na promoção de incentivos científicos e fiscais, para àqueles que adotarem tais práticas. O legislativo, por sua vez, tem papel crucial no apoio e viabilização da proposta. Desse modo, será possível mudar o rumo da agricultura no país, melhorando sua qualidade em todos os âmbitos, sobretudo o social, além de fugir da difícil realidade evidenciada em “Vidas Secas”.