DESAFIOS PARA A LEITURA INFANTIL NO BRASIL
Em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, instaurou-se, em território nacional, a biblioteca real, com o objetivo de difundir o hábito de ler entre os brasileiros. No contexto contemporâneo, nota-se que, apesar de tal acontecimento, a prática da leitura ainda encontra desafios, em especial no período da infância. Assim, é lícito afirmar que a negligência familiar e a postura governamental contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.
Nessa perspectiva, é fulcral ressaltar a importância que a família exerce na construção do hábito da leitura. De acordo com o sociólogo americano Talcott Parsons, a família é uma máquina que produz personalidades humanas, ou seja, atua de maneira direta na construção do indivíduo. Contudo, o incentivo à leitura, por parte dos progenitores, como a compra de gibis e revistas lúdicas, é pouco recorrente nos lares brasileiros, e a responsabilidade dessa prática é delegada, na maioria dos casos, apenas ao ambiente escolar. Dessa forma, pela negligência dos responsáveis, as crianças crescem sem entender a relevância desse exercício.
Ademais, a inoperância estatal é outro fator que agrava a problemática. Consoante ao pensamento de Thomas Hobbes, a função do Estado é garantir o bem-estar social. Ao observar, entretanto, o mínimo investimento governamental voltado à destinação de livros infantis para escolas públicas e ao aprimoramento das bibliotecas – como instalação de seções personalizadas para o público infantil – nota-se que o pensamento do filósofo inglês é deturpado na prática, fato que inviabiliza o contato das crianças com os acervos literários. Logo, faz-se necessária uma intervenção que objetive potencializar o interesse do público infantil pela literatura.
Sendo assim, a fim de alertar os responsáveis sobre a importância da leitura, o Governo Federal deve realizar projetos na mídia, os quais incentivem esse hábito no âmbito familiar, por meio da participação de psicólogos e professores na exemplificação do poder transformador dos livros. Outrossim, o Ministério da Educação deve realizar investimentos para aproximar o público infanto-juvenil dos livros, por intermédio de reformas nas bibliotecas públicas e a democratização do acesso aos livros. Dessa forma, espera-se que o sentimento de esperança, instaurado em 1808, com a chegada da biblioteca real, volte a reinar em território nacional.