guerra nas ruas: o problema da violência urbana no brasil
o filme “cidade de deus” retrata uma cidade do rio de janeiro extremamente violenta. nele, a ineficiência da polícia impulsiona duas facções a buscar o domínio sobre a região, mesmo que isso causasse o derramamento do sangue de inocentes. semelhante à ficção, percebe-se que ela pouco destoa da realidade brasileira, haja vista o crescimento exponencial da violência urbana, o que faz o brasil ser o 2º país mais agressivo, segundo a onu. diante disso, é inegável que o crescimento acelerado e desordenado das metrópoles e a ineficácia da segurança pública potencializam o agravamento dessa problemática.
a princípio, é indispensável salientar que o aumento da violência urbana está intrinsecamente associado ao êxodo rural. nesse sentido, a migração em massa de pessoas para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida ocasionou o inchaço delas, tornando possível a ocupação de áreas segregadas, como as favelas, devido à falta de projetos governamentais que visassem garantir os pilares básicos constitucionais e o planejamento dos centros. essa passividade estatal facilitou o contato desses subcidadãos com o crime e a violência, como uma perspectiva de ascensão social diante da negligência e da omissão, bem como da consequente transformação de direitos – moradia, educação e alimentação – em privilégios. assim, enquanto houver passividade, a desigualdade será regra.
outro fator que agrava essa guerra nas ruas diz respeito à ineficácia do policiamento. sobre isso, filósofo thomas hobbes, em seu livro “o leviatã”, afirmou que o homem, em seu estado de natureza, viveria em constante conflito e a atuação do estado se tornaria necessária para conter essa crise. apesar disso, vê-se que na sociedade brasileira há uma desvalorização dessa premissa, visto que o brasil se mostra pouco comprometido com a segurança dos cidadãos, ainda que essa seja um pilar constitucional. prova disso foi a intervenção militar no rio de janeiro em 2018, que objetivava conter a violência e, assim, recuperar a credibilidade da polícia, mas aumentou em quase 300% o número de mortes, segundo o g1. logo, alterar esse quadro pouco promissor, é uma das principais intervenções de um país que se pretende democrático.
fica claro, portanto, a necessidade de ações que visem reverter esse cenário. para tanto, o poder público, em conjunto com o ministério da economia, deve desenvolver estratégias para combater a violência urbana no brasil, por meio da criação de polos de desenvolvimento nas áreas segregadas de todo o território nacional, como investimentos em infraestrutura, oferta de saneamento básico, emprego e educação de qualidade, além da construção de centros comerciais e preparação da polícia para agir de forma responsável nesse ambiente. essa iniciativa poderia se chamar “visibilidade presente” e teria a finalidade de cessar a polarização centro-periferia, diminuindo as desigualdades e os conflitos. apenas assim, “cidade de deus” deixará de ser um retrato fiel da realidade nacional.