o limite entre saúde e estética
“assim, ela logo começou a atormentá-la com sua doentia vaidade”. essa assertiva da obra “o pequeno príncipe”, de exúpere, é uma descrição entre o príncipe e a flor, a qual era exageradamente ligada à conceitos de beleza. em análogo, fora do âmbito ficcional, é preciso atentar-se para os limites entre o bem-estar e a estética, visto que o poder midiático impõe, diariamente, padrões em massa para os indivíduos, além da banalização de procedimentos estéticos.
em primeiro plano, é importante ressaltar que a sociedade brasileira é miscigenada e cada pessoa tem a sua beleza única e especial. entretanto, devido ao bombardeio midiático, as pessoas buscam cada vez mais por padrões doentios – assim como a flor de exúpere – para se encaixar e sentir-se parte do grupo dominante ao repetir suas ações. nesse sentido, friederich nietzsche disserta, em sua teoria “a moral do rebanho”, acerca da reprodução de hábitos de um determinado grupo, em sua maioria, inconscientemente. de fato, a excessiva busca pela reprodução imagética ideal faz com que os seres humanos ajam influenciados por outros, desrespeitando os limites físicos e mentais do corpo, uma vez que resulta nas distorções de imagem das pessoas.
em outro plano, sabe-se que muitos indivíduos estão dispostos a fazerem o que for necessário para contemplar o frágil e temporário corpo ideal sem levar em conta sua própria saúde. nesse âmbito, com a popularização de intervenções estéticos, a sociedade busca cada vez mais pelo corpo perfeito, mesmo que para isso seja necessário submeter-se a processos cirúrgicos, o que denuncia uma verdadeira espetacularização desmedida de corpos iguais e “sem defeitos”. assim, guy debord dialoga, em sua obra “a sociedade do espetáculo”, sobre o culto à imagem e o quanto se quer vendê-la a qualquer custo. por certo, vive-se a era em que a aparência vale mais do que estar bem e sadio, por isso, é preciso fazer algo para mudar essa ideia errônea e hostil associada apenas à beleza, para evitar uma comunidade ainda mais doente.
portanto, é preciso atenção para respeitar os limites entre saúde e estética. desse modo, cabe ao governo federal, em parceira com a mídia, divulgar campanhas, já que são eficientes em propagar informações de maneira rápida, eficaz e para todos, por meio de artistas saudáveis e fora dos padrões ditos “perfeitos” que ressaltem o mais importante: vigor físico e emocional. dessa forma, haverá uma maior percepção da importância de amar o seu próprio corpo e buscar sempre a versão mais saudável dele e, dessa forma, fará com que as pessoas sigam cada vez menos “rebanhos” sem fundamento.