desafios para combater a violência contra o professor
na série “sob pressão”, a professora sueli, após impedir uma briga dentro da sala de aula, é agredida por um aluno, fazendo com que ela seja hospitalizada e repense sobre a continuidade na profissão. com efeito, semelhante à ficção, percebe-se que a sociedade brasileira protagoniza esse mesmo drama, haja vista os desafios para combater a violência contra os educadores. diante disso, para se descontruir essa problemática, é necessário romper com a falta de discussão nas instituições de ensino e a negligência familiar.
a princípio, é indispensável salientar que um dos desafios no combate à violência contra o professor está intrinsecamente associado à carência de debates nas instituições de ensino. a esse respeito, o sociólogo z. bauman cunhou o termo “instituição zumbi”, expressão que se refere à incapacidade de algumas entidades em executar suas funções. essa inércia denunciada por bauman parece descrever de maneira acertada o comportamento das escolas brasileiras, especialmente quando não há uma preocupação em desenvolver projetos socioemocionais os quais abordem a empatia, o respeito aos direitos humanos, a cultura de paz e, principalmente, as agressões, o que torna frequente a manifestação de atos hostis contra os educadores. logo, não é razoável que o estado democrático de direito se exima da sua responsabilidade, permanecendo alheio a essa situação de desrespeito à figura do docente.
além disso, outro obstáculo diz respeito ao descaso familiar com a formação cidadã dos filhos. conforme o estatuto da criança e do adolescente (eca), a educação é um meio pelo qual o jovem poderá atingir seu pleno desenvolvimento e a sua preparação ao exercício da cidadania. apesar disso, os pais aparentam se isentar da sua função social, uma vez que muitos transferem a tarefa de educar para as escolas e, simultaneamente, são intolerantes e brigam na frente das crianças, quando não batem nelas, ao invés de ensinarem valores éticos e morais. esses comportamentos tóxicos contribuem para implantar – automaticamente – a postura de agressor na prole, o que faz a hostilidade se manifestar de diversas formas nas instituições de ensino e, em muitos casos, se volte contra o professor. assim, enquanto os genitores contribuírem para a indisciplina da juventude, os docentes estarão condenados a conviver com uma das mais graves mazelas sociais: a violência.
fica clara, portanto, a necessidade de ações que visem superar os desafios no combate à violência contra o professor. para tanto, o ministério da educação deve desenvolver estratégias interdisciplinares nas instituições de ensino, por meio de projetos pedagógicos semanais com a participação da comunidade escolar, pais e alunos, como workshops e discussões capazes de ampliar as habilidades socioemocionais, a exemplo da empatia, da cultura de paz, do respeito aos direitos humanos e da transformação de conflitos, bem como elucidar a importância da transmissão de valores éticos e morais em oposição à reprodução de comportamentos tóxicos. essa iniciativa poderia se chamar “responsabilidade presente” e tem a finalidade de despertar o compromisso da escola e da família na educação e formação cidadã da juventude. apenas assim, o drama vivenciado por sueli deixará de ser um retrato fiel da realidade nacional.