Redação sobre Redação Online Enem - Livre - 20201212421178

A Constituição Cidadã de 1988 é coercitiva, no seu Artigo 3º, quanto ao caráter fundamental da República Federativa do Brasil em construir uma sociedade justa, além de garantir o desenvolvimento nacional ao promover o bem de todos. Todavia, tal preceito legal é destoante da realidade atual, na qual o meio ambiente é severamente degradado — uma ameaça ao acesso das futuras gerações aos recursos naturais presentes em território nacional. Dessa forma, esse quadro evidencia a importância de se investir em um turismo capaz de gerar sustentabilidade, visto que essa pode ser uma forma de, ao mesmo tempo, informar o público sobre a necessidade de se preservar a natureza e, também, de atuar para estimular uma difícil mudança na mentalidade social acerca do tema. De início, é uma dificuldade natural para o ser humano atuar na transformação daquilo que não é informado sobre. Diante desse contexto, é válido salientar o pensamento do filósofo Schopenhauer, ao defender que o indivíduo delimita sua visão totalitária de mundo por meio de seu próprio campo de visão. Sob essa ótica, o turismo capaz de preservar o meio ambiente enquanto promove inclusão social não deve ser negligenciado dos investimentos que visam contribuir para a preservação do Brasil, porque incentiva vivências favoráveis a ampliar o conhecimento do público sobre o assunto. Prova disso é que determinadas excursões podem facilitar o contato de pessoas com biomas em perigo de extinção, e, assim, fomentar o engajamento em protegê-los — por meio de filmagem e de divulgação do problema em redes sociais, por exemplo. Desse modo, as viagens de lazer são uma ferramenta para educar a sociedade, já que revelam motivos para se agir em prol da sustentabilidade. Além disso, em virtude da influência exercída pela comunidade ao redor, as pessoas tendem a perpetuar costumes sociais caso não haja uma força externa com o objetivo de modificá-los. Para embasar essa observação, o sociólogo Émilie Durkheim desenvolveu o conceito de Fato Social, que discorre sobre como a maneira de agir, pensar e sentir é dada de forma geral, externa e coercitiva sobre o sujeito. Nessa lógica, seria negligência desperdiçar o potencial das vivências proporcionadas pelas viagens de lazer como força transformadora de hábitos estabelecidos potencialmente prejudiciais ao planeta. Isso pode ser demonstrado na medida em que as folgas destinadas a conhecer novos lugares podem ser um meio para promover inclusão social ao estimular o comércio com comunidades marginais, como consequência de colocar o turista em contato com pequenos produtores, artistas e comerciantes. Sendo assim, o turismo sustentável é uma forma de estimular uma mudança na problemática tendência de se optar por produtos de empresas dominantes, quando há alternativas mais benéficas para o país. Portanto, cabe ao Estado, como defensor dos direitos da população, intervir nesse cenário. Para isso, o Governo Federal, por meio de verbas destinadas à União, deve executar um plano nacional para divulgar áreas a serem protegidas com o auxilio da visitação de turistas. O objetivo de tal ação é conscientizar expressiva parcela do contingente populacional sobre a riqueza natural e cultural dos locais escolhidos, ao aumentar o fluxo de pessoas a cada um desses espaços — então, em um esforço coletivo, preservar o Brasil para as futuras gerações. Por fim, é claro que outras medidas devem ser adotadas no sentido de tornar os preceitos estabelecidos na Carta Magna uma realidade e a sustentabilidade uma prioridade na agenda de investimentos brasileiros, mas essa é uma proposta fundamental nesse caminho.