Black Mirror, aclamada série britânica, retrata de forma assídua, ao longo dos episódios, a maneira pela qual a internet tornou-se um aspecto comprometedor, especificamente no que tange ao bem-estar psicológico. Fora do campo ficcional, nota-se que a trama assemelha-se ao atual cenário brasileiro, haja vista o impacto negativo das redes sociais em relação à saúde mental. Dito isso, vê-se que a dependência do espaço virtual, bem como a idealização da mulher neste âmbito, advindos, respectivamente, do despreparo civil e da reprodução do passado, impulsionam a ampliação de medidas a fim de minimizar os efeitos desse quadro acerbo.
Nessa conjuntura, o documentário “Eis os delírios do mundo conectado” enfatiza, no decorrer da trama, os problemas derivados da web devido à falta de preparação para saber manuseá-la, dentre os quais se pode citar: a excessiva submissão. Nessa lógica, verifica-se que a dependência das redes sociais confronta com a abordagem do longa-metragem, visto que, em virtude de uma civilização despreparada para lidar com a influência midiática, oriunda da ausência de orientação quanto ao conhecimento das implicações com o adentro no mundo virtual, os indivíduos legitimaram a internet como inerente à condição humana, resultando, assim, impactos veementes,sobretudo no psicológico dos cidadãos. Logo, é inegável a permanência desse contratempo e, com isso, depreende-se a premência das incumbências quanto ao poder das instituições em preparar a formação do corpo civil no que se refere ao combate das consequências nocivas das mídias, relativas à saúde psíquica.
Simultaneamente, infere-se que, conforme o filósofo Hegel, não há nada sobre os seres humanos que não seja de caráter histórico. Nesse viés, evidencia-se que a concepção do sublime pensador ecoa no que concerne à idealização da mulher no cenário das redes sociais, fator que está imerso nas percepções das heranças ideológicas, substancialmente, na Segunda Fase do Romantismo. Tal parte do movimento literário tinha como cerne de seus pensamentos: a exaltação do corpo feminimo como algo ideal, imutável e perfeito. Com efeito, infelizmente, esta quimera conservou-se nos meios de comunicação de massa, uma vez que, em razão da imposição que estes ratificaram no tocante à busca incessante pela fisionomia ideal que, ao menos, esteja nos moldes da cultura imagética, a exemplo da corporalidade magra, afetou fortemente as mulheres, posto que estas tentam, ao qualquer custo, desempenhar-se para conseguir tal imagem protótipa, o que gera autoexploração e cansaço, que culmina em transtornos psicológicos, correspondendo o conceito do filósofo Byung-Chul Han: “Sociedade do desempenho”.
Diante do exposto, fica claro os impactos prejudiciais das redes sociais em relação à saúde mental do brasileiro, e por isso, é imprescindível alterar o panorama vigente. Para tanto, o Ministério da Educação, responsável pela formação cidadã, deve impulsionar medidas pragmáticas para o combate dos efeitos midiáticos em parceria com o Governo Federal . Isso será feito mediante um pacote de ações a serem incluídas na Lei Plurianual, a saber: destinação de recursos preparativos para obtenção de experiências na internet, com foco em cursos de orientação sobre as redes sociais, como o licenciamento de um melhor manuseamento destas, por exemplo--a fim de tornar a sociedade brasileira independente dos recursos midiáticos, com vistas no seu uso adequado.