maus-tratos a animais no brasil
na obra literária "vida secas", do autor graciliano ramos, é retratada a trajetória da cadela "baleia", a qual sofre com a fome e com as condições precárias de sobrevivência durante o processo de migração com os seus donos. fora da ficção, a atual conjuntura brasileira é análoga à trama, haja vista a manutenção dos maus-tratos aos animais de rua, que decorrem em virtude da negligência governamental e da normalização da violência. nesse viés, é imprescindível que medidas sejam tomadas para mudar esse cenário atual.
a priori, é válido salientar que a normatização de comportamentos coletivos nocivos afeta a forma de perceber indícios de maus tratos aos animais que vivem nas ruas do país. nesse contexto, sob a perspectiva filosófica da alemã hannah arendt, a sociedade passou a banalizar crueldade e a maldade entre os seres humanos. nesse âmbito, também se tornou banal a violência praticada com os animais. dessa forma, a visão cotidiana da existência de cachorros e gatos sem proteção, alimentação e saúde nos locais públicos se tornaram normais para a população. sendo assim, ocorre a banalização dessa realidade, a qual contribui para a perpetuação dessas formas de agressão.
outrossim, a displicência governamental colabora com a problemática. dessa maneira, de acordo com a constituição federal, promulgada em 1988, o poder público deve proteger animais que são submetidos às atitudes cruéis e ao abandono. porém, ao observar a concentração de animais desamparados nas ruas, bem como no uso de eventos locais e populares - rodeios -, é indiscutível que essa permissão constitucional não é consolidada. logo torna-se primordial ressaltar que a negligência estatal agrava esse panorama.
destarte, urge a tomada de atitudes que visem mitigar esse impasse. portanto, cabe ao poder executivo em parceria com o poder legislativo, reforçar a legislação vigente contra maus-tratos animais, através de punições mais rígidas e multas pesadas, com o intuito de fortalecer essas leis. ademais, cabe aos meios midiáticos - como formadores de opiniões - juntamente com as instituições de ensino, buscar maior informatividade e postura crítica da população ao divulgar projetos e campanhas que ressaltem a importância do combate aos maus-tratos com os animais. desse modo, garantir-se-á que fique cada vez menos os obstáculos enfrentados por animais como "baleia".