Criada em 1969, no contexto da Guerra Fria, a internet cresceu exponencialmente nas últimas décadas. Entre os principais usuários dessa tecnologia, destacam-se as crianças e os adolescentes. Nesse cenário, cumpre salientar que a utilização indiscriminada dessa ferramenta pode acarretar danos para esse público. Assim, faz-se mister analisar essa problemática enfatizando os fatores que agravam a situação, notadamente, a supervisão parental ineficaz e ausência de políticas públicas voltadas para esse tema.
Deve-se destacar, de início, que a falta de acompanhamento familiar é um dos complicadores desse problema. De acordo com a psicóloga Diane Papalia, os pais possuem a incumbência de fiscalizar os conteúdos que serão consumidos pelos jovens na utilização da ‘‘web’’, uma vez que eles ainda não apresentam discernimento suficiente para distinguir entre os aspectos positivos e os riscos existentes no ciberespaço. Destarte, percebe-se que o acesso à internet sem orientação parental torna o jovem suscetível a consequências adversas. Corroborando o exposto, dados de uma pesquisa realizada na London University mostram que o uso descontrolado das redes pode acarretar ansiedade generalizada, quadros depressivos e maior vulnerabilidade a situações de exploração e assédio sexual.
Outrossim, a escassez de políticas públicas destinadas a essa temática contribui para majorar o problema. De acordo com Rousseau, a figura do Estado surge para evitar conflitos entre os seres humanos, de modo a velar pela sua segurança e assegurar o progresso da humanidade por meio de um ‘‘contrato social’’. Nesse contexto, as políticas sociais representam o conjunto de ferramentas que um governo dispõe para garantir o bem-estar coletivo. Desse modo, a ausência delas prejudica a fruição de direitos sociais, que, na pauta em questão, são os direitos que as crianças e os adolescentes possuem em relação à dignidade, à saúde e à proteção contra toda e qualquer forma de negligência, violência e exploração, conforme estabelecido na Carta Magna.
Entende-se, portanto, que são necessárias medidas para superação desse imbróglio. Desse modo, cabe ao Poder Executivo, responsável pela formulação e execução de políticas públicas, criar projetos socioeducativos junto à comunidade, visando a prevenção dos prejuízos que o uso indevido da internet pode causar nos jovens. Para que isso seja possível, pode capacitar os servidores, por meio de cursos de aperfeiçoamento, a fim de que eles atuem de forma profilática, orientando responsáveis, crianças e adolescentes.