No filme Wall-E, devido aos graves problemas ambientais, os seres humanos foram obrigados a abandonarem o planeta Terra e, posteriormente, passaram a viver estagnados em uma nave espacial. Nesse sentido, o sedentarismo e a má a alimentação resultaram em uma comunidade de obesos. Fora da ficção, é notório que o atual contexto assemelha-se ao enredo, haja vista que, apesar de extrema importância, os hábitos alimentares não são cultivados desde a infância. Ora, isso ocorre devido, entre outros fatores, à negligência governamental e aos fatores socioeconômicos. Essa problemática se deve, a princípio, à inércia estatal, já que as escolas não dispõem de recursos vitais para mudança da coletividade. Nesse viés, conforme o filósofo Paulo Freire, " a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda". Contudo, o que deveria ser visto como fator primordial para modificação social é posto em segundo plano, dado que o sistema educacional não desmistifica os perigos que os alimentos ultraprocessados podem causar tanto na saúde quanto no desenvolvimento da criança. Logo, o desmazelo ao ensino é deplorável e dá-se em razão do Estado, que corrobora, demasiadamente, para escolhas que prejudicam a formação de costumes saudáveis e que podem favorecer o aparecimento, ainda na infância, de doenças como obesidade precoce e diabetes. Por conseguinte, é imperativo pontuar que a condição econômica emerge como precursor pra fomentar o descuido com a alimentação. Dessa maneira, sob a perspectiva da socióloga Marilena Chauí, " a democracia deve ser um sistema de direitos igualitários para todos, sem ações que prejudiquem um grupo em prol do outro". Não diferente dos dias atuais, as indústrias alimentícias possuem preços exacerbados como, por exemplo, os produtos orgânicos com alto teor nutricional, porém a periferia, na maior parte das vezes, possuem na sua dieta alimentar apenas o básico para sobreviverem, assim, a pouca acessibilidade que há nesses insumos ocasiona o consumo de produtos mais dispendiosos por esses indivíduos. Isso porque a camada mais baixa da sociedade sofre com a capitação altíssima de impostos nos supermercados. Como consequência disso, nota-se, lamentavelmente, a segregação de indivíduos que necessitam de uma alimentação saudável para que haja a prevenção de doencas e deficiências nutricionais. Depreende-se, portanto, a necessidade de medidas para que a desarmonia na coletividade seja minimizada. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação, principal órgão responsável pela educação no país, promover, por intermédio de rodas de discussões para os pais e com o auxílio de profissionais de saúde e nutrição, o debate de assuntos referentes à hábitos saudáveis de alimentação e como isso afetará, a longo prazo, o desenvolvimento da criança, com o objetivo de enfatizar a importância de cultivar esse costume desde a infância. Além disso, convém ao Ministério Público ofertar benefícios fiscais à empresas privadas que baixarem as taxas dos precos de alimentos saudáveis, com o fito de fomentar mudanças no consumo das minorias. Diante disso, será tangível, pelo saber, dissipar os pressupostos arraigados no filme " Wall-E " na atualidade.