No filme, “Meu malvado favorito”, é retratado a relação do super vilão, Gru, com as irmãs Margot, Agnes e Edith, três garotas órfãs que foram acolhidas pela personagem. Entretanto, fora da ficção, nota-se que o processo de adoção ainda é uma problemática no atual cenário brasileiro. Tal fenômeno é resultado não só da padronização física idealizada por aqueles que desejam adotar crianças, mas também da excessiva burocratização governamental para a concretização dessa ação.
A princípio, é relevante analisar a idealização dos padrões físicos da criança como empecilho para o perfilhamento no Brasil. Conforme o juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional da Lapa, em São Paulo, o principal motivo do impasse no processo adotivo no país é o enquadramento do perfil físico da criança, haja vista que muitos cidadãos que desejam efetuar a adoção escolhem indivíduos de pele branca e com idade inferior a um ano. No entanto, do total de crianças e adolescentes aptos para adoção, 87,42% possuem idade superior a 5 anos, bem como 67,8% delas não são brancas. Dessa forma, cresce de forma considerativa o número de órfãos nos orfanatos e abrigos, por conseguinte à permanência das especificações no fenótipo das crianças e adolescentes.
Em segundo plano, é necessário ressaltar o exagero burocrático ainda presente no processo adotivo. Em 2008, foi criada, pelo Conselho Nacional de Justiça, uma ferramenta digital chamada Cadastro Nacional de Adoção (CNA), com propósito de diminuir as dificuldades na adoção. Porém, embora o objetivo seja positivo, ainda são existentes diversos obstáculos no sistema jurídico brasileiro, como o extenso período que leva para validar as documentações, além da falta de profissionais qualificados na Vara de Infância, como juízes, psicólogos e assistentes sociais. Nessa perspectiva, é perceptível que, a atual governamental é necessária para diminuir as dificuldades no processo adotivo no país.
Em síntese, diante dos fatos mencionados, é necessária intervenções com o propósito de melhorar a situação da adoção no Brasil. Nesse sentido, é de responsabilidade dos Poderes Executivo e Judiciário, em aplicar e administrar, por meio de fiscalizações periódicas, a ferramenta digital criada pelo Conselho Nacional de Justiça, de modo a garantir uma maior agilidade no processo adotivo no país. Essa ação terá como finalidade facilitar o sistema de adoção no atual cenário brasileiro. Somente dessa forma, a condição atual da adoção brasileira não será mais um problema presente no Brasil.