Na década de 80, a sociedade brasileira foi às ruas em um movimento conhecido como ''Diretas Já'', que tinha por objetivo protestar contra as eleições indiretas previstas na constituição de 1967. Esse movimento resultou na conquista do voto para a população, que até então era feito apenas por colégio eleitoral. Atualmente, a comunidade brasileira, frente aos diversos casos de corrupção política, vem utilizando o próprio voto como mecanismo de protesto. Tal situação merece destaque, e soluções imediatas são necessárias, seja conscientizando a população quanto a utilização do voto como protesto, seja buscando outras formas de protesto que exijam uma participação mais ativa da sociedade.
Segundo dados do jornal ''el pais'', 5% dos eleitores votaram em branco no Rio de Janeiro nas eleições de 2016. Outros 12,76% votaram nulo nesse mesmo pleito, totalizando pouco mais de seiscentos e setenta mil votos brancos e nulos. A utilização do voto como forma de protesto, é uma ferramenta comumente usada pelos brasileiros. No entanto, a ideia equivocada de invalidação do processo eleitoral através de votos brancos e nulos, ainda está presente na cabeça dos eleitores, configurando um grave problema e certa urgência na adoção de medidas que visem diminuí-lo.
Paralelamente a isso, a participação ativa da sociedade, retrata uma arma poderosa contra a corrupção. Movimentos em que a população sai às ruas e luta por seus direitos, retratam formas eficazes de protesto. Fernando Collor de Mello (1992) e Dilma Rousseff (2016) foram os dois presidentes que sofreram impeachment através da força que a participação ativa da população tem. Mesmo assim, inúmeros são os casos de corrupção que passam em branco e que exigem uma participação maior da comunidade.
Sendo assim, a utilização do voto branco e nulo como forma de protesto ainda é questionável. A sociedade, em todos os seus setores, deve buscar formas para reverter tal situação. Cabe ao governo realizar uma fiscalização mais afinco contra a corrupção, a fim de fazer valer o voto do eleitor. À mídia, recai a necessidade da criação de propagandas que visem esclarecer o eleitor quanto ao poder do voto branco e nulo, a fim de evitar formas de protesto equivocadas. Já à sociedade, recai a responsabilidade de buscar uma participação mais ativa, com a presença da população nas ruas de forma legal e harmônica. Pois, só assim, poderemos exercer nosso papel de eleitor com mais dignidade.