Na obra "O Espírito das Leis", Montesquieu enfatizou que é preciso entender as relações sociais existentes em um povo para aplicar as diretrizes legais e abonar o progresso coletivo. No entanto, ao observar a positividade tóxica, certifica-se de que a teoria do filósofo diverge da realidade contemporânea, haja vista a propagação da ideia de que cada indivíduo é o verdadeiro culpado de seus problemas, o que acaba por isentar o governo de suas funções sociais, fato que impede a ascensão do Estado brasileiro. Com efeito, é imprescindível enunciar os aspectos socioculturais e a insuficiência legislativa como causadores da chaga.
É importante considerar o fator grupal, pois, segundo Jurgen Habermas, a razão comunicativa - ou seja, o diálogo - constitui etapa fundamental do desenvolvimento social. Nesse ínterim, a falta de debate acerca da positividade tóxica coíbe o poder transformador da deliberação e, consequentemente, corrobora o crescente número de pessoas com problemas de saúde mental, conforme informado pelo Ministério da Saúde. Isso porque, segundo os psicólogos, sentimentos ruins, como frustração, tristeza, angústia fazem parte do ser humano, então, suprimir sentimentos que são naturais pode acarretar graves problemas, alguns dos mais comuns são: crise de ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout e afins. Dessarte, discorrer criticamente a problemática é o primeiro passo para a consolidação do progresso habermaseano.
Além disso, merece destaque o quesito constitucional. Assim, segundo Jean-Jacques Rousseau, os cidadãos cedem parte da sua liberdade adquirida na circunstância natural para que o Estado garanta direitos intransigentes. Entretanto, o tema abordado em tese contrasta a concepção do autor, na medida em que o governo não aplica de forma devida a difusão de informações que abordem essa temática. Em adição a isso, investe-se pouco na contratação de profissionais da área da saúde mental nos postos públicos de saúde, o que dificulta a solução do problema. Dessa forma, ações precisam ser executadas pelas autoridades competentes, com o fito de dirimir o revés.
Portanto, entende-se o óbice aqui apresentado como sendo um problema de raízes culturais e legislativas. Logo, a mídia, por intermédio de programas televisivos de grande audiência, deve discutir o assunto com psicólogos e psiquiatras, com o objetivo de mostrar as reais consequências do problema, apresentar visão crítica e orientar os espectadores a respeito do impasse. Essa medida ocorrerá por meio da elaboração de um projeto estatal, em parceria com o Ministério das Comunicações. Desse modo, com a deliberação de Habermas e a justiça de Rousseau, a sociedade brasileira terá o progresso social concretizado, como enfatizou Montesquieu.