No livro "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, tem-se um exemplo claro de diversificação da língua portuguesa, com ênfase na linguagem nordestina. Os personagens Chicó e João Grilo são a personificação de uma grande parcela de falantes brasileiros que muitas vezes são tratados com desigualdade por falarem com sotaque e vocabulário que divergem dos demais. O preconceito linguístico impossibilita que muitos cidadãos brasileiros, nordestinos ou não, desfrutem do pleno direito de igualdade e respeito. Nesse sentido, cabe avaliar os fatores que favorecem esse quadro, encontrando-se manobras para combater essa estagnação social.
Indubitavelmente, a educação é o fator principal no desenvolvimento de um país. Atualmente, ocupando a nona posição na economia mundial, seria sensato acreditar que o Brasil possui um sistema de ensino eficiente. Entretanto, a realidade é o oposto e o resultado desse contraste é, claramente, refletido no preconceito linguístico. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística " IBGE " o Brasil possui 11,8 milhões de analfabetos. Diante do exposto, é possível inferir que grande parte dos brasileiros não sabe falar usando a norma culta padrão da língua portuguesa, entretanto, isso não significa que tais pessoas falem errado, à vista que o importante é que haja compreensão entre os falantes.
Faz-se necessário, ainda, salientar que o preconceito linguístico causa segregação entre as pessoas e é um impulsionador da exclusão social. De acordo com o psicólogo Daniel Goleman, vive-se um momento em que o tecido social parece se embaraçar cada vez mais, uma época em que o egoísmo, a violência e a mesquinhez de espírito parecem estar fazendo as relações sociais apodrecerem. Diante de tal contexto, é possível afirmar que os estereótipos que as pessoas colocam nos indivíduos que falam de forma diferente, acabam perpetuando o preconceito na sociedade contemporânea.
Portanto, a fim de minimizar esse cenário problemático, medidas devem ser tomadas. Dessa maneira, é necessário que haja parceria entre Governo, comunidade e mídias sociais. O Poder Legislativo deve criar uma lei que puna severamente esse tipo de preconceito, embasado na Constituição Cidadã de 1988 que define que todos são iguais perante a lei. A comunidade deve se unir para denunciar os casos de segregação desencadeados pela desigualdade para com indivíduos que se expressem verbalmente diferente dos demais. Por fim, as mídias sociais devem desempenhar o papel de criar canais de comunicação das vanguardas de minorias, compartilhando informações a respeito das variedades linguísticas existentes. Dessa forma, será construída uma sociedade mais fiel aos ideais da Constituição Brasileira e se caminhará rumo à solução.