A industrialização brasileira, ocorrida a partir das décadas de 1930, foi caracterizada por muitos geógrafos nacionais pelo termo “Macrocefalia urbana”, devido à sua demasiada desorganização, o que provocou aglomerados urbanos desiguais e inapropriados para toda a população. Logo, acerca da mobilidade urbana como uma questão de acessibilidade, a falta de um planejamento estratégico e a permanência de uma arquitetura tradicional, sem preocupação com a acessibilidade de todos, ainda se faz presente nas metrópoles brasileiras, devido à negligência estatal e à baixa visibilidade do público afetado pela problemática. Assim, medidas devem ser tomadas para sanar essa questão.
Em primeira análise, consoante o psicólogo brasileiro Jacob Goldberg, “O homem trata os espaços públicos como lugares a serem ocupados por quem chegou primeiro”. Portanto, a configuração dos grandes centros atende, prioritariamente, aos indivíduos sem deficiências, ou seja, 76% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasilleiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, vale ressaltar que os demais 24% do corpo social são, em sua maioria, pessoas habilitadas para trabalhar, porém, por causa da falta de planejamento, têm dificuldade de se locomoverem até os locais de trabalho, entre outros ambientes. Nesse viés, a presença do Estado é de suma importância para a causa.
Ademais, em segunda análise, a visibilidade da problemática é fator decisivo para resolver essa questão. Haja vista que, apenas na cidade de São Paulo, o maior centro comercial do país, estima-se que cerca de 36,5% da população apresente algum tipo de deficiência física, e, em sua maioria, sejam portadores de cadeiras de rodas. Por isso, a infraestrutura urbana deve ser analisada pelas entidades públicas. Além disso, a aprovação de leis como a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), que determina a obrigação de municípios brasileiros, com mais de 20 mil habitantes ou pertencentes a regiões metropolitanas, apresentarem e implantarem planos de mobilidade urbana, se faz necessária para a questão da acessibilidade.
Em síntese, a mobilidade acessível deve ser debatida, a fim de remediar a formação metropolitana nacional. Por conseguinte, urge ao Estatuto da Cidade, formado pela Engenharia civil, Urbanismo, Geologia e Geografia - que estabelece princípios de interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo - promover projetos que proporcionam meios de locomoção nos grandes centros, como a implantação de rampas, elevadores e rotas alternativas, por meio de desenhos arquitetônicos estratégicos para a união dos pontos deslocados dentro da malha urbana, de modo que todos os pontos das cidades sejam integrados. Assim, a questão da mobilidade urbana será finalmente solucionada, e os cidadãos terão mais acesso aos principais pontos da metrópole.