De acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de deficiência física e precisam de um ambiente acessível para se locomoverem dentro das cidades. Em congruência com essa definição, segundo o dicionário Michaelis, acessibilidade é um substantivo feminino que significa: “a facilidade de acesso; qualidade do que é acessível”. Diante desse exposto, a acessibilidade se pauta no direito das pessoas com deficiência poderem circular com autonomia e dignidade. Para isso, é indispensável a construção de instrumentos urbanos preparados para permitir a todos o acesso irrestrito à cidade. Ou seja, a mobilidade urbana deixa de ser uma pauta, exclusivamente, de tráfego para uma pauta estrutural e humana, pois as pessoas com deficiência ainda enfrentam dificuldades, em razão da falta de estrutura e de políticas insuficientes voltadas as suas demandas.
Primeiramente, apesar das pessoas com deficiência terem adquirido tal condição de formas diferentes, segundo Anderson Rodrigues dos Santos, atleta da seleção paraolímpica brasileira de vôlei sentado, é indispensável tratar as pessoas sem distinção. E, para isso, é essencial que se crie mecanismos em instituições públicas e privadas para se atender a essas especificidades. Afinal, uma das dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam é a reabilitação, visto que é difícil mudar a rotina de um momento para o outro e ter pessoas disponíveis para auxiliá-lo em sua locomoção. Dessa forma, fica claro que para se sobrepujar as dificuldades é necessário que exista uma comunhão entre as instituições.
Em segunda análise, outra dificuldade está na falta de concordância entre as leis, no âmbito nacional e municipal, no seu cumprimento e fiscalização para que a mobilidade e o acesso sejam efetivos. Aliado a esse deficit legislativo, situações como a falta de manutenção dos veículos de transporte público, por exemplo, ocasionando o mal funcionamento do ônibus adaptado e deixa muitas pessoas sem a possibilidade de acessar a cidade, ferindo a constituição de 1988, que tem como objetivo garantir os direitos sociais e individuais de todos os brasileiros. Assim, é essencial que a mobilidade urbana, com ênfase na acessibilidade, seja discutida em vários âmbitos da sociedade.
Por fim, diante do abordado, é essencial que o Ministério da Cidadania, aliado as Prefeituras das Cidades, deem ênfase na criação de espaços acessíveis por toda a cidade, por meio da construção de rampas, adaptação de semáforos, além de aumentar a qualidade e a quantidade de calçadas por toda a malha urbana e facilitar na reabilitação das pessoas portadoras de deficiência. A fim de melhorar e dignificar a qualidade de vida social por todo o Brasil, é indispensável que as leis e a constituição sejam respeitadas. Dessa forma, as soluções de mobilidade urbana com foco na acessibilidade, promovem a inclusão, cidadania e dignidade para todos.