Na obra "Cidadãos de Papel", o memorável escritor gilberto dimenstein disserta acerca da inefetividade dos direitos constitucionais, sobretudo, no que se refere à desigualdade de acessos aos benefícios normativos. Diante disso, a conjuntura dessa análise, configura- se no Brasil atual, haja vista a exclusão dos autistas na sociedade brasileira. Essa realidade deve-se, essencialmente, à sobreposição de interesses individuais e a insuficiência legislativa.
Em uma primeira instância, é fulcral salientar que a situação conflitante se agrava devido à uma cultura individualista que visa, principalmente, a si mesmo. Paralelo a isso, o filósofo Thomas Hobbes - declara em sua obra leviatã - que o ser humano é capaz de provocar perversidades perante o próximo em prol do favorecimento de seus interesses individualistas. Nesse sentido, a hipótese adotada pelo intelectual se concretizara na realidade hodierna, uma vez que a sociedade não traz à pauta a importância dos autistas e sua inclusão na sociedade comtemporânea. Como consequência, tem - se a dificuldade de inserir essas pessoas no corpo social, uma vez que o individualismo leva a discriminação e ao preconceito. Desse modo, urge a extrema necessidade de alterações nas condições vigentes com a intenção de estabelecer um melhor convívio.
Além do mais, a ineficiência legislativa é um dos entraves para a educação e socialização dos autistas no Brasil. De acordo com o filósofo John Locke, "as leis fizeram-se para os homens e não para as leis". Ou seja, ao ser criada uma lei, é preciso que ela seja planeja para melhorar a vida das pessoas em sua aplicação. No entanto, é possível perceber que a legislação não tem sido suficiente para garantir o direito da educação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, principalmente porque, conforme os dados do IBGE, 60% das crianças autistas estão exclusas do sistema de ensino brasileiro.
Portanto, algo precisa ser feito com urgência para amenizar a questão. Logo, o Ministério da Educação, por meio de verbas governamentais, proporcione mecanismos de qualificação dos profissionais de educação, com treinamentos, palestras e orientações de como proceder com alunos com esse transtorno. Assim, o fito de tal ação é promover a democratização da educação a todos os brasileiros. Somente assim, a coletividade irá se distanciar da obra cidadãos de papel.