A série americana The Good Doctor aborda dificuldades de um médico, recém-formado, portador de uma das síndromes do Transtorno do Especto Autista, que apesar de toda a sua inteligência e aptidão para a medicina, briga para conseguir espaço junto a seus colegas e superiores. Assim como a personagem principal da série, os brasileiros diagnosticados com autismo, encontram muitos desafios para que seus direitos sejam garantidos e incluídos aos meios educacional, profissional e social, seja pela falta de profissionais adequadamente capacitados para lidar com essas pessoas, seja pelo preconceito gerado pela pouca informação sobre o potencial e necessidades dos portadores destas síndromes.
Primeiramente, é importante evidenciar que mais de dois milhões de pessoas no Brasil são autistas e, mesmo sendo uma parcela pequena da população, desde 2012 existe uma legislação específica para garantia de seus direitos. Entretanto, o tema é poco difundido entre a sociedade. São comuns histórias em que o deficiente não consegue acesso à educação regular, ao mercado de trabalho e ao meio social pela carência de pessoas capacitadas que conheçam bem as peculiaridades deste transtorno e consigam lidar com seus portadores de maneira direta dando apoio, inclusive às suas famílias.
Em segundo lugar, é preciso trabalhar de forma a mitigar o preconceito. Há poucos dias um menino foi impedido de participar da festa de aniversário de um colega de escola em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, por ser considerado diferente, mesmo com tamanho absurdo, os pais preferiram não reportar o fato às autoridades. Esse tipo de comportamento precisa ser combatido, sendo o primeiro passo, a informação. Uma sociedade bem informada é mais inclusiva, mais aberta à aceitação e, consequentemente, menos preconceituosa. Outro fator importante é melhorar a legislação, incluindo medidas punitivas aos praticantes de ações preconceituosas.
Em suma, é preciso que o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, promova políticas públicas de informação sobre a legislação e capacitação de profissionais, que alcancem órgãos públicos, empresas privadas e sociedade civil, por meio de mídias sociais, rádio, televisão, audiências públicas e palestras, informando e capacitando pessoas com o objetivo de potencializar as qualidades e fazer o acompanhamento adequado à adaptação do autista aos meios, garantindo sua inclusão e minimizando os desafios encontrados atualmente. Assim, esses cidadãos que lutam pelo seu espaço, como a personagem central de The Good Doctor, poderão ter seus direitos garantidos.