A série de comédia dramática “Atypical” presente na plataforma Netflix, retrata a vida de Sam Gardner, um jovem que possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em um de seus episódios, Sam é preso após um guarda confundir os sintomas de uma crise de autismo com a ingestão de drogas. Não distante da ficção, o preconceito e a desinformação dificultam a inclusão de pessoas autistas na sociedade brasileira, tendo em vista que a o Transtorno do Espectro Autista não recebe atenção necessária no atual cenário brasileiro. Por isso, faz se necessário um debate acerca da problemática para uma possível solução.
Primeiramente, é válido ressaltar que a falta de informações sobre o autismo dificulta a inclusão social de pessoas que sofrem com o transtorno. Isso ocorre porque pouco se fala sobre o assunto em ambientes de formação educacional, como escolas e universidades. Tal fato impede a perpetuação de conhecimentos sobre os sintomas, formas de tratamento, e diferenças entre pessoas com autismo. Nesse sentido, o neuropediatra Carlos Gadia afirma que o Brasil precisa mudar os currículos educacionais, pois neles o TEA é raramente citado, o que dificulta a transmissão de informações corretas sobre o transtorno.
Em segundo plano, o preconceito influencia a exclusão de sujeitos autistas no Brasil. De acordo com a teoria do corpo social escrita pelo sociólogo Émile Durkheim, a sociedade é semelhante a um corpo biológico, por conter, assim coo este, partes que integram entre si. Dessa forma, ocorre uma desarmonia entre a sociedade brasileira e a teoria do sociólogo, pois a perpetuação de preconceitos contribui para a desinformação de que pessoas com autismo possuem os mesmos comportamentos e características. Como resultado, o funcionamento do corpo social proposto por Durkheim é comprometido e a inclusão social se tora mais difícil.
Compreende-se, portanto, que o preconceito e a falta de informação são desafios que dificultam a inclusão de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Dessa maneira, para superar esse problema, é dever do Governo Federal, junto ao Ministério da Educação, incluir na Base Nacional Comum Currícular, materiais e conteúdos que busquem estudar o autismo, suas diferenças, formas de tratamento e convivência com pessoas que possuem o Transtorno, a fim de promover um debate crítico sobre os desafios que rodeiam a vida de pessoas autistas. Além disso, o Governo Federal deve destinar verbas para a produção de campanhas sobre inclusão social de sujeitos com autismo nos principais meios de comunicação. Feito isso, o conflito vivenciado na série “Atypical” não será uma realidade no país.