O Arcadismo, um movimento literário bucólico, pregava, em suas produções, o êxodo urbano, pois, no entendimento de seus autores, a única maneira de viver plenamente seria livrar-se das confusões das cidades. Atualmente, em um contexto de pandemia, a saída das pessoas dos centros urbanos tornou-se uma prática comum, já que o isolamento social fez com que elas repensassem as suas prioridades de vida. Nesse sentido, não só as tensões de ficar dentro de casa, como a necessidade de reconectar-se com a natureza são fatores, os quais contribuíram para esse cenário.
Primeiramente, é imperioso ressaltar que a rotina de um indivíduo em quarentena nas cidades é extremamente maçante e repetitiva, fazendo com que a estadia ininterrupta em casa seja um motivo de tensão e de ansiedade. Sob esse viés, a série “Amor e sorte”, estrelada por Lázaro Ramos e Thaís Araújo, retrata de maneira excelente o convívio diário de um casal isolado, devido às medidas restritivas implementadas. Isso porque ela deixa explícito como ficar o dia inteiro em uma casa na cidade, sem acesso à natureza e sem ver outras pessoas, mexe com o psicológico dos cidadãos, resultando em episódios de crises de ansiedade agudas. Portanto, pode-se dizer que as tensões psicológicas inerentes ao isolamento social intensificam-se quando alguém vive em um ambiente hostil, como os centros urbanos, logo tal fato estimula a procura por uma vida mais tranquila nos campos.
Outrossim, ficar o dia inteiro dentro de casa, entre 4 paredes de gesso, despertou nas pessoas um sentimento forte de querer conectar-se com a natureza, já que os seres humanos beneficiam-se muito desse contato. Nessa perspectiva, é importante dizer que a existência dos indivíduos não é restrita ao trabalho e às obrigações financeiras, posto que ela também é marcada por um lado sensível que precisa ser considerado. Dessa forma, objetivando viver uma vida completa em que todas as suas facetas são contempladas, as pessoas voltam-se ao campo para desfrutar da beleza das paisagens naturais e, assim, cuidar de suas saúdes mentais, questão a qual ficou muito prejudicada, em todo o mundo, devido a pandemia do novo-coronavírus.
Destarte, tendo em vista os argumentos supracitados, percebe-se que o êxodo urbano é um comportamento benéfico que deve ser estimulado, mesmo que não permanentemente, pelas empresas brasileiras. Por conseguinte, tais corporações devem incentivar os seus funcionários a entrarem em contato com a natureza, por meio da realização de parcerias com hotéis e pousadas que seguem os protocolos de distanciamento social, mediante a obtenção de descontos, os quais criem condições financeiras favoráveis que levem aos empregados a passarem as suas férias nesses locais. Desse modo, espera-se que, mesmo quem não consiga realizar o êxodo urbano, possa desfrutar de maneira breve as suas benesses, melhorando assim, a saúde mental de todos na pandemia.