O filósofo Jean-Paul Sartre dissertou acerca do comportamento coletivo, evidenciando-o sobre o caminho para o real progresso de uma nação, a fim de alcançar o bem-estar social. Análogo a isso, nota-se, no Brasil hodierno, o aumento do interesse pela vida em zonas rurais, gerado pela saturação da vida nas grandes cidades e catalisado pela ocorrência da pandemia do covid-19, o que gera inúmeras consequências para a sociedade, positivas e negativas. Dessa forma, deve-se pautar, na contemporaneidade, os desdobramentos dessa problemática e suas consequências caóticas.
Em primeiro lugar, é importante destacar os fatores que podem gerar o fenômeno do êxodo urbano. Nesse sentido, com a urbanização, ocorrida na década de 1970, ocorreu a ascensão do estilo de vida cronometrado das grandes cidades, desencadeando aumento do estresse e da ansiedade, com seus habitantes também sendo afetados pela ampliação da violência urbana, gerando o desejo por um dia a dia mais tranquilo. Dessa maneira, essa ânsia pode se tornar um plano real com a ascensão da modalidade de trabalho conhecida como "home office", proporcionada pela pandemia, que flexibiliza a jornada do empregado ao não exigir a sua presença física.
Além disso, é válido debater as consequências do êxodo urbano. Nessa perspectiva, o estilo de vida em zonas pouco povoadas é mais salutar, segundo o jornal UOL, ao possibilitar uma rotina livre dos malefícios das grandes metrópoles. Por outro lado, segundo o economista Friedrich Hayek, a economia é regulada pela lei da oferta e da procura, caracterizada pela liberdade das transações econômicas. Assim, com o aumento da procura por imóveis em áreas pouco povoadas, ocorre-se a especulação imobiliária, aumento dos preços desses bens, o que pode afetar as comunidades tradicionais, que, devido à pobreza, se sentem pressionadas a vender seus imóveis, tendo efeitos socioculturais. Outrossim, é vultoso salientar a importância de mitigar essa problemática.
Portanto, considerando os argumentos supracitados, torna-se clara a necessidade da adoção de medidas. Para isso, urge que o Governo Federal, junto ao Poder Legislativo e aos especialistas, crie um projeto para dar aporte financeiro a comunidades tradicionais rurais que sofrem com a especulação imobiliária, podendo incentivar a construção de pousadas e chalés para absorver a demanda gerada pelo êxodo urbano sem afetar as comunidades tradicionais. Isso pode ser feito por meio de um projeto de lei e tem como finalidadeo aumento do bem-estar social, caracterizado por uma sociedade harmônica, o que vai ao encontro da teoria do filósofo francês.