A Constituição Federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, prevê, em seu artigo 6º, o direito à saúde, à segurança e à assistência aos desampadados como inerente a todo cidadão brasileiro. Porém, tal prerrogativa não tem se reverberado com ênfase na prática quando se observa o êxodo urbano na pandemia, dificultando a universalização desse direito social. Diante de tal perspectiva, faz-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem esse quadro.
Em uma primeira análise, deve-se ressaltar a ausência de medidas governamentais para combater o efeito nocivo na saúde mental durante a pandemia. Nesse sentido, um dos fatores principais para o aumento da procura por moradia, distante das metrópoles, é o estresse causado pela rotina turbulenta e a vivência na cidade grande. Desse modo, o agravamento dos problemas psicológicos obriga a população a migrar para locais mais tranquilos em busca de maior qualidade de vida. Essa conjuntura, segundo as ideias do filósofo John Locke, configura-se como uma violação do "contrato social", já que o Estado não cumpre sua função de garantir que a população desfrute de direitos, como a saúde.
Ademais, é fundamental apontar o aumento considerável no preço de imóveis e necessidades básicas, como alimentação. Segundo dados do Imovelweb, a busca por imóveis no interior aumentou 60% entre 2019 e 2020. Diante de tal exposto, é notável a busca pelo isolamento social em lugares mais acessíveis para os brasileiros durante um período difícil financeiramente, possibilitando o êxodo urbano.
Depreende-se, portanto, a necessidade de se combater esses obstáculos. Para isso, é imprescindível que o Governo, por intermédio de investimentos monetários, estabeleça parcerias com outros agentes e aumente o foco para o apoio da população brasileira, tanto psicologicamente quanto financeiramente na pandemia, a fim de promover maior segurança aos afetados. Assim, se consolidará uma sociedade mais tranquila onde o Estado desempenha seu "contrato social" tal como afirma Locke.