"Uma sociedade responsiva é aquela em que os padrões morais atendem as necessidades básicas de todos os seus membros". Essa fala do sociólogo alemão Amitai Etzioni é um contraponto da realidade contemporânea, pois, apesar de autenticada a viabilidade da utilização de energias renováveis, o Brasil e o mundo caminham a passos curtos ao abandono de energias nociavas à saúde do planeta, distante da sustentabilidade. Nesse contexto destacam-se os interesses financeiros e a falta de incentivo como impulsionadores desse revés. Sendo assim, urgem medidas para transformar a realidade vigente.
Em primeira análise, é preciso mencionar o quanto a industria do petróleo contribui para a perpetuação dessa fonte altamente danosa ao meio ambiente. Hoje, a participação do petróleo na matriz energética brasileira é de cerca de 30%, de acordo com dados do IEA(Instituto de Economia AgrÃcola), e parte disso se dá por acordos das industrias petroleiras para a manutenção desse combustÃvel fóssil como principal gerador de energia. Além disso, é cômodo, pois é uma fonte relativamente barata, apesar da alta quantidade de tecnologia demandada para sua extração. Contudo, recentemente tecnologias de exploração de potencial eólico e solar demontram potencialidade de mudanças drásticas na contribuição energética da matriz nacional, visto também uma proeminente escasses de petróleo no mundo. Dessa forma, uma não adoção em larga escala de energias renováveis demonstra o disperdÃcio da potencialidade sustentável disponÃvel no Brasil.
Ademais, cabe ressaltar o papel do Estado na perpetuação da realidade energética nacional. Frequentemente, concessionárias de energia lutam pela taxação de geração própria de energia, e tais tentativas não só são levados adiante, como resultam em taxas ou barreiras que dificultam a adoção de sistemas geradores residenciais e empresariais. Hoje, é possÃvel a instalação de sistemas a custos - no modelo de financiamento - equivalentes ao uso da energia da concessionária, porém, mesmo que seja viável, os custos são carregados de impostos e os equipamentos utilizados são, quase em sua totalidade, importados, o que deixa os custos desses produtos menos acessÃveis. Com isso, fica clara a falta de incentivo estatal para sustentabilidade tanto pela carga tributária, quanto pelo baixo incentivo em produzir a tecnologia no paÃs.
Portanto, fica evidente a necessidade reverter o quadro energético que se encontra o Brasil. Logo, o Ministério de Minas e Energia - como orgão responsável por reger assuntos relacionados a matriz energética nacional - deve elaborar um plano de incentivo a instalação de sistemas geradores renováveis, por meio do redução do IPI(Imposto sobre Produtos Industrializados) a zero para esses equipamentos, a fim de expandir o uso de fontes renováveis e desativar por definitivo termoeléticas, grandes emissoras de poluentes. Paralelamente, o governo federal precisa dar subsÃdios fiscais por 15 anos a empresas que se disponham a produzir a tecnologia em território nacional, objetivando, mais uma vez, o barateamento de tecnologia sustentável e o abandono do petróleo. Assim, dar-se-á uma sociedade aos moldes de Etzioni.