O quadro expressionista “ O Grito “, de Edvard Munch, retrata uma figura em situação de calamidade e espanto. Observa-se que essas sensações negativas espelham-se na sociedade brasileira, posto que muitas pessoas não possuem registro civil e são invisibilizadas, perdendo o acesso à cidadania. Essa problemática ocorre devido à precária ação do Estado aliada ao preconceito dos cidadãos que exclui essa parcela populacional do corpo social. Por conta disso, é indubitável que medidas cabíveis devem ser providenciadas para amenizar essa situação lastimável. Nessa perspectiva, é notório que o governo não é eficiente em medidas públicas que incentivem o registro civil e politizem as pessoas sobre a importância dele. Consoante o sociólogo Durkheim, é o papel das instituições sociais, como o Estado, garantir a harmonia cidadã. Todavia, muitos brasileiros ainda desconhecem a necessidade da certidão de nascimento para o exercício da cidadania, assim como também o acesso ao documento não abrange as áreas mais afastadas e interioranas dos estados, como as marginalizadas e rurais. Consequentemente, muitas pessoas, geralmente pobres, são invisibilizadas, não podendo retirar outras documentações, como a carteira de trabalho e identidade, perdendo o direito cidadão de estudar e trabalhar. Com isso, a falta de acesso à cidadania continua persistindo e os prejuízos sociais enraízam-se no corpo social brasileiro. Ademais, é constatado que há um preconceito social que marginaliza essas pessoas, retirando o sentimento de pertencimento delas na sociedade como cidadãos. Segundo o pensador Nelson Mandela, a educação é a ferramenta mais poderosa para mudar o mundo. Porém, é visto que não há uma correta instrução populacional sobre essa problemática, posto que muitos marginalizam e estigmatizam as pessoas pobres ou em situação de rua. Nota-se que há uma invisibilização desse grupo, dificultando a procura do registro civil, já que muitos são vistos como “mendigos” e “zé ninguém”. Fato observado nas grandes cidades, como São Paulo, onde um grande número de pessoas sem moradia dormem ao ar livre, enquanto os outros cidadãos seguem a sua rotina, ignorando-as. Por isso, a prevalência do preconceito que torna essas pessoas invisíveis continua dificultando o acesso à documentação legal e ao exercício da cidadania, direito que deveria ser assegurado conforme a Constituição Federal de 1988. Portanto, diante desses fatos, é visto que a garantia da obtenção do registro civil e da cidadania é extremamente importante para o combate à invisibilidade e privação de direitos. Por causa disso, é dever do Estado, com o auxílio dos governos municipais, investir em medidas públicas que garantam o acesso e a politização sobre a certidão de nascimento, por meio de propagandas televisivas que mostrem os benefícios que a documentação traz, como o direito de trabalhar, além de uma melhoria logística que garanta esse direito em localidades marginalizadas, com o objetivo de aumentar a procura pela documentação e o seu alcance. Adicionalmente, cabe aos centros educativos, como as escolas e universidades, educar os alunos sobre esse problema, por intermédio de aulas e palestras que falem sobre a importância do combate ao preconceito e a sua consequente invisibilização, com a finalidade de garantir o tratamento como cidadão para todos, instaurando um sentimento de pertencimento social e fortalecendo o interesse pelo registro civil. Desse modo, os sentimentos negativos do quadro “ O grito” deixarão de representar o Brasil e a cidadania estará ao alcance de todos.