A Revolução Industrial foi um período histórico que culminou na transição de um mundo cerceado para outro amplo em conquistas, em inovações e em oportunidades. Em consonância com isso, esperava-se que, na hodiernidade, a sociedade estivesse em pleno gozo de tais conquistas. No entanto, quando se observa questões como a falta de garantia de acesso à cidadania no Brasil ocasionada pela invisibilidade gerada pela falta de registro civil, fica evidente o retrocesso histórico à qual os brasileiros são submetidos, em razão da ausência de ações governamentais e do silenciamento social. Diante da seriedade do problema, cabe debater acerca dos impasses que prejudicam a solução disso.
Sob essa perspectiva, vale destacar a ideia de Aristóteles que afirmou que o objetivo principal da política é garantir a felicidade dos cidadãos. Porém, percebe-se que essa tese do filósofo não se aplica ao tema, porquanto o Estado não promove ações para diminuir o número de pessoas sem registro de nascimento. Nesse sentido, o portal Estúdio R7 informa que aproximadamente 3 milhões de pessoas não possuem registro civil, considerando todas as regiões do Brasil. Isso demonstra que é necessário a aplicação de políticas públicas para solucionar esse grave cenário. Todavia, é evidente que esse investimento em bem-estar, do qual defende o pensador, infelizmente, não se materializa em solo tupiniquim, tornando sua erradicação utópica.
Outrossim, o fato de a invisibilidade social não ser amplamente debatido, na sociedade, faz com que sua nocividade se perpetue. Congruente a isso, a cronista brasileira Martha Medeiros afirmou que o homem apenas silencia aquilo que ele não quer que venha à tona. Dessa forma, esse argumento demonstra intimidade com a temática, já que a população brasileira não é consciente de que o registro civil é a única forma de tornar uma pessoa pertencente a sociedade, justamente pelo fato do assunto não ter destaque no sistema de ensino, nos meios de comunicação e nos programas sociais do governo. Desse modo, é indubitável que o silenciamento social, apresentado pela autora, corrobora a permanência do problema, explicitando que essa é uma das causas mais infestas do óbice.
Logo, uma intervenção faz-se necessária e, para isso, compete ao Poder Executivo Federal, por meio dos trâmites legais, realizar uma revisão na Constituição Federal para melhorar as formas de aplicação das garantias sociais. Tal medida deve acontecer mediante a criação de um projeto, em conjunto com especialistas e a sociedade civil, com o fito de minimizar as graves consequências decorrentes da situação. Somente assim, os feitos da Revolução Industrial poderão ser efetivamente vivenciados por todos.