Redação - 20220517849408
No preâmbulo da Carta Magna brasileira, definiu-se o Estado Democrático como imprescindível ao exercício da cidadania. Hodiernamente, contudo, a prevalência de preconceitos contra pessoas acometidas por depressão, por exemplo, configura uma realidade à margem da democracia. Nesse viés, os estigmas associados às doenças mentais, no Brasil, representam ainda enormes desafios. Pode-se dizer, então, que a tênue ação estatal e o individualismo do empresariado são os principais responsáveis pelo quadro. Primeiramente, ressalta-se a inoperância governamental para combater notícias falsas. Segundo o pensamento hobbesiano, o Estado é encarregado de garantir o bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à negligência das autoridades, de acordo com o jornal "O Globo", teorias da conspiração que circulavam pela internet, em 2016, apontavam indivíduos com transtorno esquizofrênico como alvos de uma possessão demoníaca. Dessa forma, geram-se condições favoráveis à permanência da desinformação, e os direitos mais básicos normatizados em lei, como o direito à proteção, são ameaçados. Outrossim, a exclusiva ambição por lucro é parte elementar do problema. Acerca disso, destaca-se um princípio ético fundamental da filosofia de Eric Voegelin, da qual se deduz que o egocentrismo prejudica a preservação da prosperidade coletiva. Assim sendo, em análise realizada pela revista "Exame", verificou-se que, nos últimos anos, empresas do setor financeiro, visando somente o enriquecimento, restringiam a contratação de pessoas com histórico de bipolaridade, para burlar o pagamento de benefícios trabalhistas. Logo, desrespeita-se, em nome de interesses individuais, uma importante noção da metafísica voegeliana, amplamente aceita, que harmoniza os vínculos humanos. Dessarte, o bem grupal padece sob o jugo do egoísmo. Portanto, são necessárias medidas capazes de restabelecer a ordem democrática. Cabe ao governo federal atuar em favor da população, mediante a gênese de leis que impeçam a difusão de inverdades nos meios de comunicação, a fim de assegurar o respeito ao portador de doença mental e o direito à proteção. Ademais, o corpo social deve pressionar as empresas a adotarem políticas de contratatação mais inclusivas, por meio de atos educativos e campanhas de mobilização em praças e locais públicos, com a distribuição de cartilhas informativas e material complementar, no intuito de viabilizar um ambiente justo e equilibrado. Assim, obter-se-ão os requisitos indispensáveis para a restauração da soberania civil.
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