A “entropia” é um termo científico explorado tanto na área da “Física” quanto da “Química” a fim de demonstrar que o comportamento de um sistema tende à desordem natural, e, consequentemente, a permanência da ordem demanda maior energia e esforço. Associando a lógica das “Ciências” à conjuntura social e cultural brasileira, nota-se que a sociedade atual - sendo também um sistema - demanda atenção máxima a todas as problemáticas que venham causar sua desestruturação, sendo uma delas a ineficiência à democratização do acesso ao cinema. Dessa forma, faz-se necessário analisar os alicerces dessa disfunção, a citar, a inoperância estatal e a invisiabilidade social, no sentido de ordenar a comunidade no âmbito artístico.
Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado lida com os centros culturais cinemáticos no Brasil. Sob essa ótica, afirmou Edmund Burke, filósofo britânico, em seu livro “As reflexões sobre a Revolução Francesa”, o melhor direito assegurado por um grupo político é aquele que é possível ser aplicado na realidade, ao contrário daquele que fica somente no planejamento especulativo. Diante dessa perspectiva, nota-se a abundância de direitos assegurados, especificamente na garantia ao exercício cultural na Constituição Cidadã - sendo uma dessas principais expressões frequência ao cinema -, mas que na prática tende à precariedade. A conjuntura é perceptível pelo fato de somente 17% da população brasileira conviver com esse setor artístico (segundo o site "Meio e Mensagem'), tal paradigma é ocasionado seja pela falta de incentivo ao livre comércio que investiria nos cinemas, seja pela lacuna da acessibilidade cinematográfica nas escolas. Assim, percebe-se que o direito à manifestação cultural fica no campo da suposição jurídica, e não na prática das diversas relações cotidianas.
Nota-se, outrossim, que a invisibilidade do tema é outra base prejudicial em relação à acessibilidade do cinema. Nesse aspecto, nota-se a omissão da sociedade ao falar da cultura cinemática, sendo causada pela elitização desse produto cultural, pois, já que não faz parte da realidade de grande parcela da população, torna-se oculto. Desse modo, como é retratado por Michel Foucault, teórico social, a normalização ocorre quando ações se tornam hábitos sem a devida postura crítica em relação ao que está sendo passado adiante, sendo assim, a perpetuação de condutas e práticas excludentes encaixam-se na perspectiva do autor. Com efeito, os indivíduos deslocados - culturalmente - deixam-se de preocupar com o direito de acesso ao cinema, prejudicando sua formação sociocultural. Nesse cenário, faz-se necessário expor a problemática, através da conscientização da comunidade, e, assim ser solucionada.
Portanto, o Ministério da Educação deve assegurar o acesso do estudante ao sentimento cinematográfico nas escolas, visto que segundo Edgar Morin, o cinema é a experiência de transpor a tela o universo pessoal, logo, por meio do investimento em televisores e projetores nas salas de aula, a fim de apresentar filmes de caráter que visam agregar o repertório cultural do aluno, a visão do autor é concretizada. Somado a isso, o Ministério da Comunicação pode expor a problemática do acesso ao cinema, por meio da divulgação de vídeos em suas redes sociais que mostram o direito igualitário e democrático à cultura, enfatizando a importância do meio cultural na comunidade. Com essas medidas, o termo “entropia” ficará destinado exclusivamente à análise de físicos e químicos, retirando-se da preocupação social.