O maior filósofo da Idade Média, São Tomás de Aquino, propôs, ao conciliar fé e razão, que deveria haver uma motivação para toda criação divina. Entretanto, nesse mesmo período histórico, pessoas com deficiências intelectuais ou físicas eram expurgadas da sociedade, sofrendo, até mesmo, execuções. No contexto nacional atual, mesmo com todo o avanço civilizatório da Idade Contemporânea, indivíduos com necessidades especiais sofrem, sobretudo na educação, com a falta de inclusão. Isso ocorre, pois há omissão do Estado e, consequentemente, a produção de segregação.
Primordialmente, evidencia-se a carência de investimentos públicos nessa área, principalmente na atenção às escolas e aos profissionais da educação. Nesse sentido, segundo uma pesquisa da rede estadual de educação paulista, menos de um quinto do total de escolas têm infraestrutura adequada para receber alunos com deficiências. Além disso, apenas 25 % dos diretores incluem esse tema nos planos pedagógicos das instituições. Em vista disso, a qualidade de ensino é prejudicada, influenciando a ideia equivocada de que os alunos especiais "atrapalham" a aprendizagem dos demais. Logo, constata-se que a negligência estatal é a real responsável por tal situação e deve, por isso, ser alterada.
Ademais, a escassez de inclusão educacional desenvolve, nas crianças e nos adolescentes sem deficiências, a percepção preconceituosa de que o diferente é um "problema". Nesse viés, os jovens crescem numa sociedade padronizada, com pouca diversidade, constatando que, desde a sala de aula até os espaços de poder, apenas indivíduos sem necessidades especiais são favorecidos. Esse cenário gera mais exclusão, expressada pelos altos índices de evasão escolar dos portadores de deficiência, vítimas, recorrentemente, de bullying. Assim, parafraseando o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, da mesma forma que o ódio e o preconceito é aprendido pelas pessoas, o amor e o respeito, também, podem ser ensinados.
Portanto, urge, no Brasil, tornar a educação realmente para todos. Para isso, cabe ao MEC incentivar a formação de professores e outros agentes educacionais para melhor receberem os alunos deficientes, através de cursos gratuitos de especialização. Além disso, investir, especialmente, em instrumentos na escola que deem ao educador meios para proporcionar uma adaptação rápida e contínua aos discentes. Dessa forma, a inclusão se transformará em uma política de Estado, impassível de sofrer revesses ou mudanças ao longo do tempo.