Com o advento do Movimento Feminista, as mulheres vêm ocupando cada vez mais espaços sociais de destaque e conquistando direitos que asseguram a cidadania. No entanto, o Brasil permanece enfrentando problemas para a plena inclusão do público feminino na sociedade, como a falta de assistência no período menstrual, situação desencadeada pela desigualdade social presente na nação e pelo preconceito por parte da população. Com isso, há necessidade de uma maior discussão sobre o tema para ampliar a compreensão dos fatos.
Inicialmente, é importante destacar que, de acordo com o geógrafo Milton Santos, o processo de globalização vivenciado no momento atual é brutal e cercado de malefícios, pois potencializa as disparidades socioeconômicas e priva várias pessoas do acesso a recursos variados. Considerando o contexto brasileiro atual, pode-se afirmar que o pensamento do intelectual é extremamente perspicaz, pois as mulheres mais pobres enfrentam grandes dificuldades para ter acesso aos materiais de higiene básicos quando passam pela menstruação, o que as coloca em condições de vulnerabilidade social, pois deixam de estudar e trabalhar, e sanitária, em razão da exposição à infecções. Diante disso, observa-se que a lamentável concentração de recursos básicos nas mãos de poucos contribui para a intensificação da desassistência das brasileiras em fase de menstruação.
Além disso, faz-se relevante salientar que, segundo o físico Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado. Analisando a conjuntura presente do país, a precisão das ideias do cientista é facilmente notada, pois a disseminação de pensamentos ultrapassados sobre o ciclo biológico feminino, como a crença de que afeta a capacidade produtiva e altera bruscamente o estado emocional, permanece prejudicando as atividades cotidianas das brasileiras. Nesse cenário de opressão, pode-se destacar que, consoante aos dados de uma pesquisa da UNICEF, uma em cada dez meninas deixam de frequentar a escola quando estão menstruadas, o que explicita o receio das mulheres de serem vítimas de situações constrangedoras e reforça a validade da afirmação de Einstein. Logo, nota-se que a discriminação para com as cidadãs que se encontram menstruadas agrava a pobreza menstrual no Brasil.
Depreende-se, portanto, que o desamparo socioeconômico das mulheres durante a menstruação é uma problemática nacional que precisa de elucidação. Em um primeiro momento, é imprescindível que o Ministério da Saúde, em parceria com empresas produtoras de itens de higiene e com as secretarias de saúde, assistam as mulheres de localidades carentes, por meio da distribuição mensal de kits com equipamentos de higiene, como absorventes, lenços umidecidos e papel higiênico, em postos de saúde. Dessa forma, o público feminino poderá realizar suas atividades com conforto e salubridade. Ademais, é necessário que os conglomerados midiáticos, contando com auxílio de médicos e sociólogos, esclareçam a população sobre os ciclos biológicos femininos, por intermédio de vídeos com explicações científicas e estudos sociais. Assim, os cidadãos deixarão de ter atitudes e ideias preconceituosas para com as brasileiras.