No filme "Que HORAS ELA VOLTA?", é retratada a vida de Val e sua filha, aos 13 anos a garota se muda do Nordeste para São Paulo com o intuito de estudar para o vestibular e entrar em uma universidade pública. Ao longo da trama, a narrativa aborda as dificuldades que a jovem enfrenta nos estudos por não dispor de uma condição financeira relativamente boa. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada no filme está relacionada àquela do século XXI: a desigualdade social e racial no acesso às escolas públicas de ensino superior no Brasil.
Em primeiro lugar, faz-se necessário lembrar que a desigualdade social brasileira advém de uma má gestão corporativa no setor financeiro do país e que promove, direta ou indiretamente, a proliferação desse empecilho. Em 2020, o Brasil enfrentou uma grande pandemia que afetou milhares de estudantes, devido às escolas serem fechadas por conta do vírus da covid-19. De acordo com o G1, 22,4% dos estudantes não tinham acesso à internet, e 46% não possuíam um computador em suas residências, ou seja, esses índices afetam diretamente os jovens que estavam se preparando para o vestibular e que, paralelamente, irão enfrentar dificuldades para ingressar em uma faculdade por intermédio desse sistema.
Além disso, o número de jovens pretos e pardos entre 18 e 24 anos que estão cursando ou concluindo a universidade, é menor que o de brancos da mesma faixa etária, o que revela não só uma desigualdade social como citada anteriormente, mas também racial. De acordo com a Tatiana Dias Silva, pesquisadora e autora de um estudo pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 18% dos estudantes negros estudam ou estão prestes a concluir o ensino superior, que é cerca da metade do percentual de brancos da mesma perspectiva estudantil. Por conseguinte, o problema dissertado afeta o progresso do país.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro de desigualdades apresentado anteriormente. Para um melhor desenvolvimento do país, urge que o Ministério da Educação (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas que viabilizem acesso gratuito a um estudo de qualidade para os jovens oriundos dessa problemática e que, dessa forma, possam ter uma preparação adequada para realizar as provas e consigam adentrar em uma universidade pública, e melhorar os índices atuais do Brasil.