O filme “M8: onde a morte socorre a vida” retrata as dificuldades vivenciadas por um jovem da periferia recém aprovado na universidade. Embora ficcional, a obra põe em pauta os desafios dos estudantes de escola pública no ensino superior. Nesse contexto, convém analisar a falta de estruturação escolar na formação acadêmica e de caráter ativo como principal causa desse empecilho.
Primeiramente, a ineficiência do sistema público de ensino corrobora com o cenário. A saber, o pedagogo Paulo Freire, por meio de sua bibliografia, expõe a necessidade de incluir o estudante no processo de aprendizagem. No entanto, essa realidade não é observada no Brasil, uma vez que as instituições públicas carecem dos recursos necessários para efetivar essa ação. Paralelo a isso, nota-se a relação intrínseca do atual modelo de ensino secundarista com o choque de realidade vivenciado por novos universitários. Nessa perspectiva, o pouco orçamento destinado para a educação não permite que medidas sejam tomadas e, consequentemente, agrava a situação. Dessa maneira, o descaso governamental em solucionar problemas de base faz com que a vivência dos brasileiros se assemelhe à ficção de “M8”.
Ademais, a pouca importância dada à formação do caráter ativo no estudante intensifica os efeitos da questão. De acordo com o lema adotado pelas escolas em tempo integral maranhenses, o aluno deve ser protagonista, seja no âmbito acadêmico, seja no âmbito pessoal. Nesse sentido, a escola tem a função de guiar o jovem no processo do protagonismo e, assim, ajudar no desenvolvimento gradual de um universitário ativo e incluído no processo de aprendizagem. Entretanto, essa realidade não abrange todo o território nacional, tendo como consequência a perpetuação de um Estado inapto para formar estudantes protagonistas e autônomos. Assim, a “Pedagogia da Autonomia”, proposta por Freire, vira lacuna na situação educacional do país.
Desse modo, vistos os desafios de estudantes de escola pública no ensino superior, é mister uma ação governamental para combatê-los. Para tanto, o Ministério da Educação deve incentivar projetos de protagonismo, assim como ocorrido no Maranhão, por meio do envio de verbas e cursos especializados para a comunidade docente e discente, que possibilitem a formação de um estudante ativo, a fim de construir a autonomia necessária para futuros universitátios.