Em sua obra "Utopia" o escritor Thomas More retrata uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de problemas. Fora da ficção, entretanto, a realidade é outra, inclusive no Brasil, uma vez que os desafios enfrentados pelos estudantes de escolas públicas no ensino superior ainda afetam a população. Esse contexto problemático encontra-se diretamente associado às raízes da desigualdade brasileira junto à falta de amparos governamentais, dificultando, assim, a concretização dos planos de More. Em primeiro plano, faz-se necessário salientar que as raízes da desigualdade socioeconômica contribui para o aumento dos empecilhos enfrentados pelos estudantes de colégios públicos nas faculdades brasileiras. Desde o século XVI, o país era marcado pela desigualdade, onde os menos favorecidos eram negligenciados pelo restante da sociedade colonial. Assim, é evidente que as consequências desse período afetam a contemporaneidade, visto que existe uma grande discrepância socioeconomica marcada pelos privilégios daqueles que dispõem de melhores condições financeiras. Dessa maneira, é necessário levar em consideração que muitos dos estudandes da rede pública trabalham para sustentar sua moradia, e, muitas vezes, outros membros da família, dificultando ainda mais o desempenho universitário desses, que não conseguem administrar as atividades da universidade com os compromissos pessoais. Por outra perspectiva, é importante enfatizar que o desinteresse governamental em investir nas escolas públicas reflete negativamente no futuro dos estudantes dessas instituições. Em seu livro "Uma teoria de justiça" o filósofo John Rawls destaca que um governo ético é aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores, promovendo uma igualdade de oportunidades a todos. Essa teoria está distante da realidade do país uma vez que a verba destinada à infraestrutura e melhoria no ensino popular é pouca. Dessa maneira, a ausência de uma educação completa e capaz de fornecer os conteúdos escolares de forma clara prejudica o rendimento desses alunos quando chegam ao ensino superior, já que em muitos cursos o estudante necessita de assuntos do ensino médio para compreender as matérias da faculdade. Diante dos argumentos supracitados, urge a realização de medidas que solucionem a problemática. As prefeituras locais, devem, por meio de investimentos na infraestrutura e na contratação de profissionais da educação, reformar o sistema de educação pública em todos os estados brasileiros, focando, principalmente, no fornecimento de um ensino fundamental e médio de boa qualidade aos estudantes, evitando que esses enfrentem maiores desafios no ensino superior.