"No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho". O trecho do poeta modernista Carlos Drummond de Andrade se faz válido no contexto atual, uma vez que os desafios dos estudantes de escolas públicas no momento em que ingressam na universidade representa a pedra no caminho da prosperidade na educação. Nesse sentido, vale ressaltar dois problemas no ensino superior: a desigualdade racial e a econômica, que reflete no grau de aprendizado e no conhecimento.
A princípio, vê-se nas universidades brasileiras um maior número de alunos brancos em relação à quantidade dos de pele mais escura. Isso se deve, em parte, à mentalidade racista que perdura mesmo após a abolição da escravidão no Brasil, em 1888. Sob essa ótica, similarmente ao perído subsequente ao evento citado, a sociedade ainda utiliza o estigma preconceituoso para priorizar uma parcela em relação às oportunidades, de modo que os negros ficam na margem quando competem com os da pele clara. Portanto, o fato de que apenas uma parte do corpo social é privilegiada não deve ser negligenciado.
Ademais, nas universidades públicas, os que têm maiores condições financeiras, apresentam maior tempo disponível para o ensino. Segundo o "Mito da Caverna", do filósofo grego Platão, homens que veem somente sombras na parede da caverna acreditam que aquela é a realidade mundana. Seguindo essa lógica, o sistema vê uma ilusão, ao pensar que todos os alunos são iguais ao exigir a mesma disponibilitade para realizar as tarefas. Então, o indivíduo que precisa trabalhar para se sustentar não consegue cumprir o que é proposto, o que o distancia de quem pode fazê-lo, o que é intolerável, pois a desigualdade se acentua.
Em suma, a divergência de oportunidades e a obscuridade das situações individuais dos universitários são dois grandes imbróglios no País. Para combatê-los, é necessário que o governo invista fortemente na educação, por meio da destinação de mais verbas aos ensinos fundamental e médio, de forma que mais professores possam ser contratados, a fim de assegurar a o alcance e a qualidade da educação dos jovens que, no futuro, serão universitários. Sendo assim, uma melhor base será o fundamento para que adolescentes negros e da classe social mais baixa rumem o progresso educacional sem maiores problemas no ensino superior.