No preâmbulo da Carta Magna brasileira, definiu-se o Estado Democrático como imprescindível ao exercício da cidadania. Hodiernamente, contudo, a prevalente diminuição da taxa de fecundidade, por exemplo, configura uma realidade à margem da democracia. Nesse viés, o envelhecimento populacional, no Brasil, representa ainda enormes desafios. Pode-se dizer, então, que a inércia estatal e o individualismo do empresariado são os principais responsáveis pelo quadro.
Primeiramente, ressalta-se a inoperância governamental para combater o desajuste fiscal. Segundo o pensamento hobbesiano, o Estado é encarregado de garantir o bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à negligência das autoridades, de acordo com o jornal "O Globo", o rombo nas contas públicas, em 2016, impediu a construção de hospitais para o atendimento de idosos. Dessa forma, geram-se condições desfavoráveis à assistência médica desses indivíduos, e os direitos mais básicos normatizados em lei, como o direito à proteção, são ameaçados.
Outrossim, a exclusiva ambição por lucro é parte elementar do problema. Acerca disso, destaca-se um princípio ético fundamental da filosofia de Eric Voegelin, do qual se deduz que o egocentrismo prejudica a preservação da prosperidade coletiva. Assim sendo, em análise realizada pela revista "Exame", verificou-se que, nos últimos anos, bancos privados, visando somente o enriquecimento, aumentavam o preço de serviços financeiros para clientes com mais de 60 anos, atendendo à demanda dos sócios investidores. Logo, desrespeita-se, em nome de interesses individuais, uma importante noção da metafísica voegeliana, amplamente aceita, que harmoniza os vínculos humanos. Dessarte, o bem grupal padece sob o jugo do egoísmo.
Portanto, são necessárias medidas capazes de restabelecer a ordem democrática. Cabe ao governo federal atuar em favor da população, mediante a gênese de leis que equilibrem as contas públicas, a fim de assegurar auxílio médico e proteção a todos. Ademais, o corpo social deve pressionar os empresários a descontinuarem a prática irrazoável de preços, por meio de atos educativos e campanhas de mobilização em praças e locais públicos, com a distribuição de cartilhas informativas e material complementar, no intuito de viabilizar uma realidade justa e equilibrada. Assim, obter-se-ão os requisitos indispensáveis para a restauração da soberania civil.