“No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”. De maneira análoga ao trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade, pode-se estabelecer uma relação metafórica entre as “pedras no caminho” e os desafios da produção científica no Brasil, uma vez que o entrave precisa ser retirado do âmbito social. Tal empecilho decorre da negligência governamental e da relativização por parte da população, urgindo soluções para a eliminação das mazelas trazidas pelo impasse. À luz dessa conjuntura, evidencia-se a omissão estatal como fator potencializador da problemática. Sob essa lógica, Aristóteles, grande pensador da antiguidade, defendia a importância do conhecimento para a obtenção da plenitude da essência humana. Nesse sentido, a negligência do poder público quanto aos investimentos em pesquisa e disponibilidade de recursos fomenta os desafios da produção científica brasileira, corroborando para seu declínio. Por sua vez, a comunidade científica nunca foi tão desprezada pelo Estado com quantias irrisórias para a sustentação das pesquisas, como na contemporaneidade com a ciência tão em evidência frente à pandemia do novo coronavírus. Logo, é substancial a mudança desse quadro. Outrossim, é importante destacar que a relativização por parte da sociedade para com a ciência contribui para ampliar os desafios da produção científica brasileira. Nessa perspectiva, embora comprovada a importância da ciência, principalmente durante a atual pandemia da COVID-19, surgiram pensamentos negacionistas que relativizam e recusam a produção científica, a exemplo o movimento antivacina que influencia indivíduos a boicotarem as vacinas e o incentivo a contrariar o isolamento e o uso de máscaras, fortemente recomendados pela comunidade médica para combate ao novo coronavírus. Dessa forma, as crenças populacionais ampliam os desafios enfrentados, dificultando a consolidação do conhecimento científico. Portanto, tornam-se necessárias medidas para combater os desafios da produção científica no Brasil. Sob esse viés, cabe ao Governo Federal, como instância máxima administrativa, investir nas pesquisas científicas a fim de promover o desenvolvimento científico nacional e incentivo ao conhecimento, por meio da disponibilização de recursos satisfatórios ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e conselhos vinculados, além da criação de mais bolsas de incentivo ao estudo nas universidades e realização de propagandas nos veículos midiáticos para combater falsas ideologias. Assim, o conhecimento ganhará sua devida importância, como defendia Aristóteles.