No livro Iracema, de José de Alencar, relata-se a história de amor entre uma indígena e um europeu, que, apesar do belíssimo romance entre ambos, resulta em tragédias sociais e pessoais, além de retratar o processo de miscigenação brasileiro. Fora com contexto fictício, sabe-se que a raiz da população do Brasil realmente permeia os costumes e as terras indígenas, as quais têm sido historicamente devastadas pela imposição de valores e pela economia agrícola. Logo, faz-se profícuo observar aspectos ambientais e culturais acerca da questão em voga. Diante desse cenário, é importante ressaltar que o método de colonização exploratório usado pelos portugueses para com o Brasil promoveu, desde o início da Idade Moderna, um alto índice de devastação das terras indígenas. De maneira análoga, hodiernamente, o avanço da “Fronteira Agrícola” em direção à região Norte do país tem não só perpetuado, como também intensificado a destruição de áreas indígenas, fazendo com que estes sejam obrigados a abandonarem a sua região e o seu estilo de vida milenar. Dessa forma, a demarcação de terras surge como uma alternativa para preservar a cultura local e a natureza, impedindo o avanço do agronegócio para tais regiões. Outrossim, as condutas prejudiciais aos indígenas se estendem para além da questão habitacional, englobando até mesmo aspectos culturais. Nessa perspectiva, a devastação dos costumes desse povo se origina a partir de fatos históricos de imposição cultural, a exemplo da atuação Jesuítica, em território nacional no início da colonização, a qual desconstruiu a cultura indígena para expor os dogmas católicos. Em decorrência disso, surgiu a primeira gramática Tupi – escrita pelo Padre José de Anchieta –, tal obra possibilitou o alastramento da dominação cultural por remover as barreiras de comunicação, deixando a cultura indígena altamente fragilizada, o que repercute, atualmente, no débil conhecimento a respeito do estilo de vida dessa parcela populacional da sociedade. Portanto, percebe-se que a cultura indígena e o ambiente natural foram demasiadamente impactados por fatores socioeconômicos, de modo a se tornarem imprescindíveis a tomada de ações eficientes. Para isso, compete ao Ministério do Meio Ambiente, aliado à Funai, promover o aumento das demarcações de áreas indígenas, por meio da expropriação de terras dos grandes fazendeiros – os quais estão suscetíveis a tal ato quando não seguem a função social da terra prevista constitucionalmente –, com vistas à preservação do estilo de vida indígena e da natureza. Dessarte, diante de tais ações, será promovida a recuperação ambiental e cultural, além de evitar tragédias como as vividas na obra Iracema.