No episódio “Nosedive”, da série “Black Mirror”, as redes sociais e as tecnologias da informação estão a serviço do consumismo, fortalecendo-o como uma tendência que influencia fartamente a vida em sociedade. No contexto atual do Brasil, tal fato não se distancia da realidade na medida em que as pessoas não buscam motivos de consumo além dos que já estão presentes nos meios eletrônicos, ademais a pouca criticidades dos indivíduos quanto ao consumo e às informações que lhe são passadas permite uma maior influência da internet sobre a vida dos sujeitos, podendo gerar problemas maiores caso tal contexto não seja debatido.
Em primeiro lugar, a tendência de consumo contemporânea pode ser percebida como pouco pensada pelos indivíduos envolvidos, ou pode ainda ser considerada como impulsiva e quase nada racionalizada. Tal fato está aliado ao termo “Dialética do Esclarecimento”, cunhado por Adorno e Horkheimer, no qual o processo de consumo, que permeia a vida em sociedade, é estruturado de maneira metódica e usa as propagandas digitais a seu favor, diminuindo a capacidade dos sujeitos de perceber que o motivo e a necessidade de compra são artificialmente produzidos.
Ainda em consonância com o que foi dito anteriormente, o ambiente criado nos meios eletrônicos, juntamente com o pouco julgamento, são fatores favoráveis ao fortalecimento do hábito consumista, uma vez que, conforme o conceito de “Banalização do Mal” de Hannah Arendt, o simples fato de obedecer cegamente ao que é imposto, no caso às informações vindas das redes e relacionadas à compra, leva à criação de um ciclo vicioso regulador da ação e da vida em sociedade.
Em resumo, pode-se perceber que o consumismo criado com o auxílio da publicidade exagerada da internet está fundado na pouca crítica por parte dos indivíduos, por isso que cabe ao Ministério da Educação, em consonância com algumas mídias sociais, veicular vídeos com o auxílio de propagandas semelhante às atuais, mas que ofereçam produtos inusitados e que, ao fim, conscientizem para a compra de artigos desnecessários. Com isso, o juízo de valor das pessoas será trabalhado e evitará que problemas como o consumismo exagerado e sem fundamento retratado na série “Black Mirror” se perpetue.