Aristóteles estudou o bom funcionamento da pólis e afirmou que cada cidade possui um equilíbrio como meta, o "Bem Soberano". Entretanto, percebe-se que, no Brasil hodierno, a lógica aristotélica não se aplica no âmbito do assédio moral no ambiente de trabalho, visto que essa situação ainda é tangenciada pelo governo e secundarizada pela sociedade. Logo, surge um contexto danoso para a nação, e políticas públicas são fulcrais para reverter essa situação.
Por esse prisma, constata-se a débil ação dos agentes estatais diante do setor cívico. Esse fenômeno se explica a partir das análises do filósofo John Locke, na "Quebra do Contrato Social", segundo o qual o Estado não cumpre o seu devido papel em garantir o direito básico do cidadão. Sob esse viés, tal perspectiva se faz presente no cenário brasileiro, uma vez que o poder público não oferta estratégias eficazes para a manuntenção da impunidade dos patrões, o qual contribui para o esfacelamento da harmonia urbana, a exemplo da recorrência de assédios sexuais sofridos por mulheres empregadas. Dessa forma, a ingerência estatal precariza a situação nacional e a reversão desse quadro é urgente.
Outrossim, a escritora alemã Hannah Arendt, em sua teoria "Banalidade do Mal", afirma que a força motriz para a perpetuação dos males em uma sociedade é a banalização deles. Contudo, fora do tablado teórico, a realidade brasileira sofre a negligência dos direitos trabalhistas, pois o próprio dirigente banaliza ações de caráter legal. A exemplo disso, citam-se os inúmeros casos de abusos de autoridade, aspecto amplamente veiculado na mídia, mas tratado com desdém por inúmeros brasileiros. Nesses termos, percebe-se a coerência de Hannah Arendt ao determinar a conduta negligente dos patrões, embora velada ou culposa, como uma das principais responsáveis pelo aumento da hostilidade no ambiente trabalhista.
Infere-se, portanto, que reverter a atual situação laboral do Brasil é crucial para o bom funcionamento da sociedade. Para isso, cabe ao Ministério da Cidadania ofertar estratégias para reduzir o assédio sexual, por meio de investimentos, a exemplo da criação de um programa de denúncias que preste assistência trabalhista , com o objetivo restituir a harmonia nacional. Ademais, o Ministério do Trabalho deve atuar sob a condição dos empregados, por itermédio de ações políticas, a exemplo da criação e aprimoramento de leis, com o desígnio de reduzir a autoridade extrema dos patrões. Destarte, essas práticas aproximarão o país da tese aristotélica.